Ao analisar o comportamento da força de trabalho feminina no Brasil nos últimos 30 anos, o que chama a atenção é o vigor e a persistência do seu crescimento. Com um acréscimo de 32 milhões de trabalhadoras entre 1976 e 2007, as mulheres desempenharam um papel muito mais relevante do que os homens no crescimento da população economicamente ativa.
A partir da década de 70 até os dias de hoje, a participação das mulheres no mercado de trabalho tem apresentado uma espantosa progressão. Se em 1970 apenas 18% das mulheres brasileiras trabalhavam, chega-se a 2007 com mais da metade delas ( 52,4%) em atividade.
O nível de escolaridade formal da população brasileira tem se elevado continuamente através dos anos. No final do século XX e início do XXI, 40 a 50% dos homens e das mulheres tinham menos de 4 anos de estudo, enquanto cerca de 20 a 30% deles e delas apresentavam escolaridade de nível médio ou superior ( mais de 9 anos de estudo).
No longo período de tempo compreendido entre 1970 e 2007, os padrões de localização dos trabalhadores e das trabalhadoras no mercado de trabalho apresentaram algumas alterações. No último ano da série, a indústria- aqui incluídas a de transformação e de construção civil-, e o agropecuário, seguidos do comércio, nessa ordem, concentraram a ocupação masculina.
A literatura tem sido farta em assinalar a maior vulnerabilidade do trabalho feminino em relação ao masculino. Informações sobre a posição na ocupação indicam que, em 2007, tanto entre os homens como entre as mulheres, o mais comum é ser empregado (respectivamente 62 e 51%).
A jornada semanal de trabalho, a posse de carteira de trabalho assinada ou de contrato formal e a contribuição para a previdência oficial são tradicionais indicadores de regulação e proteção do trabalho e historicamente, têm mostrado que o trabalho feminino tem sido menos protegido e regulado do que o masculino.
A participação das mulheres no conjunto dos empregos formais sempre foi restrita, permanecendo , entre 1985 e 1992, muito próxima de 1/3, apresentando-se crescente a partir de então, atingindo 41% em 2007.
O nível de ganhos dos brasileiros é reconhecidamente baixo e as mulheres brasileiras - como as mulheres de todo o mundo - ganham ainda menos do que os homens. A evolução da distribuição de renda de todos os brasileiros revela uma tendência de diminuição paulatina do contingente de trabalhadores com menores ganhos, entre 1976 e 1998.