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Olhares sobre a educação: da sala de aula à relação com as famílias

Pesquisadoras do grupo Representações Sociais, Subjetividade e Educação participam de iniciativas no Brasil e no exterior para entender o cotidiano das escolas e as representações dos membros que compõem a comunidade escolar

19/12/22 | Por Luanne Caires

Cartaz com os dizeres: Representações Sociais, Subjetividade e Educação. Olhares sobre a educação: da sala de aula à relação com as famílias. A imagem tem fundo cinza, com pequenos círculos conectados por linhas nas laterais. Na parte inferior, há a logomarca da Fundação Carlos Chagas.

Entender a complexidade da sala de aula e das escolas requer análises que considerem a perspectiva de diferentes atores do processo educacional: professores, estudantes, gestores e familiares. Na pesquisa em representações sociais e educação, reunir as peças desse grande quebra-cabeça é um trabalho coletivo, que inclui diversidade de perguntas de investigação e de abordagens metodológicas. Parte desse trabalho passa também por um olhar atento aos estudos já desenvolvidos, seus resultados, as questões que ainda não foram respondidas e os caminhos que esses estudos indicam para o futuro daquela área. 

É com base nessa reflexão minuciosa sobre o passado e o presente, com vistas para o futuro, que a Fundação Carlos Chagas (FCC) desenvolve, desde 2018, o projeto Olhares Psicossociais para a Prática Docente. Nele, quarenta grupos de pesquisa buscam oferecer uma pluralidade de dados sobre o cotidiano escolar, com foco no trabalho dos professores. As atividades do grupo são pautadas por um caráter etnográfico, com orientações definidas em um protocolo de pesquisa para guiar a produção de informações sobre as representações de docentes e estudantes a respeito do ser professor, do ser aluno e do estar na escola. 

O projeto ocorre no âmbito do Centro Internacional de Estudos em Representações Sociais e Subjetividade – Educação (CIERS-ed) e da Cátedra UNESCO sobre Profissionalização Docentes, ambos sediados na FCC. 

Novas perguntas, novas abordagens

Adelina Novaes, pesquisadora do Departamento de Pesquisas Educacionais da FCC e uma das coordenadoras do projeto Olhares Psicossociais, conta que a proposta nasceu a partir de um balanço das produções do CIERS-ed no aniversário de dez anos do Centro. “Fizemos uma base de dados grande, levantamos as publicações de todos os associados que fossem relacionadas ao CIERS-ed. Esse estudo permitiu que a gente identificasse aspectos que já havíamos compreendido, discussões que chegaram a um ponto de saturação e aspectos em que poderíamos avançar. Então, levantamos perguntas com maior complexidade para o desenvolvimento de um novo projeto”, compartilha. 

Nessa nova fase, a prioridade passou a ser a generalização analítica, e não apenas estatística, sobre os temas. Para isso, instrumentos de pesquisa padronizados e com questões fechadas para aplicação em diferentes contextos escolares — os quais geravam dados quantitativos agrupáveis e comparáveis — cederam espaço para a abordagem etnográfica, que é um tipo de trabalho de campo que descreve uma cultura. A nova metodologia permite maior liberdade para explorar aspectos particulares de cada contexto e aprofundar descrições que ressaltam características relevantes de culturas escolares distintas. 

A liberdade para direcionar as pesquisas é também um dos maiores desafios da abordagem etnográfica. Adelina aponta que é preciso estar sempre atento ao aprofundamento teórico a partir da Teoria das Representações Sociais (TRS), que une os pesquisadores envolvidos, mesmo que cada grupo de pesquisa trabalhe com um aspecto diferente da temática ou articule a TRS com outras teorias afins. “O segundo desafio é que estudos etnográficos demandam tempo. Você precisa ficar durante bastante tempo no campo. Então a gente tem o envolvimento de estudantes dos núcleos de pesquisa, mas um mestrado não dá tempo suficiente. A gente precisa do envolvimento de estudantes de doutorado”, complementa a coordenadora do projeto. 

A inclusão das famílias

As dinâmicas em torno do contexto escolar não dependem apenas das práticas dos professores na sala de aula, mas também das relações com as famílias dos estudantes. O grupo de pesquisa Representações Sociais, Subjetividade e Educação dedica-se a esse eixo por meio do projeto Teachers’ Perceptions about Parents (Percepções dos Professores sobre os Pais, em tradução livre). O estudo tem o objetivo de compreender as percepções que os professores de diferentes países compartilham sobre os familiares e responsáveis pelos alunos, o que inclui, por exemplo, a participação da família na aprendizagem e como escola e família se influenciam mutuamente na educação das crianças e jovens.

Desenvolvido em parceria com a University of Portsmouth (Reino Unido) e com a rede municipal de ensino de Taubaté (SP), o projeto é coordenado internacionalmente por Catherine Carroll-Meehan (University of Portsmouth) e nacionalmente por Adelina Novaes (Fundação Carlos Chagas) e por Edna Maria Chamon (Universidade de Taubaté e Universidade Estácio de Sá).

Os dados sobre as representações dos professores serão coletados por meio de um questionário eletrônico a ser preenchido pelos docentes da rede de Taubaté. Entre as perguntas, há questões sobre a educação durante a pandemia de covid-19 e sobre uma possível valorização do trabalho docente pelas famílias durante esse período e no retorno às atividades presenciais. 

Os resultados poderão complementar a análise sobre valorização do trabalho dos professores iniciada pela Fundação Carlos Chagas em 2020, no projeto temático Educação escolar em tempos de pandemia na visão de professoras/es da Educação Básica. O projeto foi realizado em parceria com a UNESCO Brasil e com o Itaú Social. 

Saiba mais:
Representações Sociais, Subjetividade e Educação
Grupo de pesquisa que privilegia a realização de investigações científicas, nas quais assume particular relevo a perspectiva psicossocial das representações sociais e a promoção do debate interdisciplinar, tanto no plano teórico como no metodológico. Ênfase é dada às questões relacionadas ao campo educacional e aos fenômenos psicossociais a ele associados, com foco sobretudo na formação e profissionalização docentes.

Cátedra UNESCO sobre Profissionalização Docente
Os projetos vinculados à Cátedra UNESCO sobre Profissionalização Docente buscam, por meio de uma ação conjunta, obter os subsídios para a compreensão dos fatores que propiciam o bom desempenho docente, ao considerar os aspectos simbólicos envolvidos em sua prática e em seu contexto de atuação.

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