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A inclusão de pessoas com deficiência no debate

Com experiência nas áreas de concurso e pesquisa na Fundação Carlos Chagas, Adriana Pagaime aborda a deficiência como importante categoria de análise sobre diversidade e políticas públicas

12/07/22 | Por Luanne Caires

Fundação Carlos Chagas. Gênero, Raça/Etnia: Educação, Trabalho e Direitos Humanos. A inclusão de pessoas com deficiência no debate. Adriana Pagaime. A imagem tem fundo cinza e o texto tem as cores cinza escuro e vermelho. No canto superior direito, há detalhes ondulados em vinho.

A Fundação Carlos Chagas é uma instituição pioneira no desenvolvimento dos estudos de gênero no Brasil e segue como referência na área com as produções de seu grupo Gênero, Raça/Etnia: Educação, Trabalho e Direitos Humanos. Hoje, o grupo é composto por cinco mulheres à frente de projetos de pesquisa, além de uma equipe de bolsistas e colaboradores. Para resgatar o caráter colaborativo, inspirador e histórico do processo de construção de conhecimento na área de gênero e equidade, a série Gênero, raça e etnia: uma história de pesquisa tecida a muitas mãos apresentará, ao longo dos meses de junho e julho, como mulheres e pesquisadoras desse campo de estudos influenciaram as trajetórias de cada uma das mulheres que integram esse grupo de pesquisa na Fundação Carlos Chagas.

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Embora seja a integrante mais recente do grupo de pesquisa Gênero, Raça/Etnia: Educação, Trabalho e Direitos Humanos, Adriana Pagaime trabalha na Fundação Carlos Chagas há 18 anos e sua trajetória e suas referências entrelaçam pesquisas, educação, ações afirmativas e concursos públicos. 

Durante 14 anos, Adriana trabalhou na área de concursos da Fundação, principalmente nas ações voltadas para a acessibilidade no atendimento a pessoas com deficiência. Ela conta que, à época, percebia que esses candidatos tinham baixos índices de inscrição e de aprovação nos concursos em geral, mesmo com as adaptações voltadas a esse público. Com vontade de compreender as barreiras relacionadas à aprovação, Adriana dedicou seu trabalho de conclusão de curso (TCC) em Pedagogia ao tema das dificuldades de transição das pessoas com deficiência da escola para o mundo do trabalho. 

No TCC, Adriana teve contato com a pesquisa de duas mulheres que inspiraram sua formação. A primeira delas é a professora Ani Martins da Silva, sua orientadora na Universidade Presbiteriana Mackenzie. A segunda é Gisela Tartuce, pesquisadora no Departamento de Pesquisas Educacionais (DPE) na Fundação Carlos Chagas, com trabalhos na temática de transição de jovens para o mercado de trabalho. “A tese da Gisela foi a primeira que eu li. E foi lendo a tese dela que me despertou a vontade de ser pesquisadora, mesmo que, à época, a gente não interagisse pessoalmente”, conta Adriana. E foi Ani, com experiência em estudos sobre inclusão escolar e trajetórias escolares, que recomendou a tese à Adriana e foi uma de suas maiores incentivadoras no caminho da pesquisa.

O encontro da prática profissional com a vida acadêmica teve continuidade no mestrado, voltado à política de cotas para pessoas com deficiência em concursos públicos federais. A pesquisa foi orientada por Maria Eloisa Famá D’Antino, pesquisadora da área de distúrbios do desenvolvimento na Universidade Presbiteriana Mackenzie.  “Com isso, também me aproximei das pesquisas de políticas de ação afirmativa aqui do DPE, mas no universo das cotas raciais nas universidades. Comecei a ler [trabalhos de] outras pessoas, a Sandra Unbehaum, a Amélia Artes”, relata. A aproximação com a temática do grupo se intensificou a partir de 2015, pelo trabalho iniciado em função da lei que prevê a adoção de cotas raciais em concursos públicos.

Adriana considera que suas atividades no setor de concursos públicos foram essenciais para compreender as políticas públicas de uma perspectiva mais completa, que inclui não só a pesquisa teórica, mas a prática de sua implementação no interior de uma instituição. Neste sentido, ela destaca como referência as colegas de trabalho do Núcleo de Execução de Projetos da Fundação Carlos Chagas e, em especial, a ex-presidente da instituição, Glória Lima: “A Glória era um exemplo para todas e todos que trabalhavam com concurso público, porque ela tinha toda uma história na constituição dessa área, não só de provas, mas na área de execução também”. 

O desenvolvimento da sua trajetória de pesquisa levou Adriana a integrar o Departamento de Pesquisas Educacionais em 2018. A mudança profissional coincidiu com o início de seu doutorado na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP). Com a temática de políticas de educação especial, ela é orientada pela  professora Rosângela Prieto — também citada por Adriana como referência importante tanto em sua área de pesquisa quanto em sua formação pessoal. Ainda ao falar sobre a fase atual de sua vida e trabalho, Adriana destaca a importância da parceria com suas colegas no grupo de pesquisa Gênero, Raça/Etnia: Educação, Trabalho e Direitos Humanos, no qual contribui para trazer a deficiência como uma categoria analítica que expande o olhar do grupo sobre diversidade e direitos. 

Por fim, Adriana homenageia as mulheres com deficiência e as mães de crianças com deficiência: “Quando falamos de educação especial na perspectiva inclusiva, falamos de possibilidades de vida, de direitos, de questões ainda muito distantes da agenda pública, especialmente no atual momento político. Assim, quero somar minha experiência de ser mulher e minhas pesquisas à luta de mulheres que vivem a diversidade da deficiência”.

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Gênero, Raça/Etnia: Educação, Trabalho e Direitos Humanos
As pesquisas do grupo privilegiam a análise das relações de gênero e étnico-raciais em diferentes espaços de interação social, visando a promover os direitos humanos de populações historicamente discriminadas.

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