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Fotografia de várias capas do jornal Mulherio dispostas sobre uma superfície. Em destaque sobre o centro da fotografia, a palavra Mulherio aparece escrita três vezes, em sequência de cima para baixo nas cores laranja, branco e verde.

Fotografia de várias capas do jornal Mulherio dispostas sobre uma superfície. Em destaque sobre o centro da fotografia, a palavra Mulherio aparece escrita três vezes, em sequência de cima para baixo nas cores laranja, branco e verde.

Uma história

Na década de 80, pesquisadoras da Fundação Carlos Chagas envolvidas com o estudo da condição feminina no Brasil preocuparam-se em sistematizar informações sobre o assunto. No início, a proposta era compor um boletim de notícias que fizesse o intercâmbio entre as diversas instituições e estudiosos do tema. Forneceriam dados de forma sistemática e abrangente sobre os problemas que envolviam a mulher brasileira.

Em sua edição número zero, o grupo constituído de pesquisadoras e jornalistas deixa entrever o fio condutor que permeará o jornal quando anunciam o compromisso em tratar as matérias veiculadas "de uma maneira séria e conseqüente, mas não mal-humorada, sizuda ou dogmática..." Assim, declarada de público a intenção, levam a letra impressa à risca e transformam, claro, que entre altos e baixos, o singular boletim de março/abril de 1981 em um tablóide efervescente e precursor de tendências, até 1988.

Ao relatar, de modo breve, a história do Mulherio, há que se considerar três períodos marcantes e definidores dos rumos tomados. No primeiro, de março de 1981 a setembro de 1983, foram publicados 15 números, tendo como responsável pelo projeto a pesquisadora Fúlvia Rosemberg e, como editora, a jornalista Adélia Borges. No início, a publicação do jornal recebeu subsídios da Fundação Ford para concretizar-se. Em 1984, por causa de uma discordância no teor da pauta editoral, decorre um desfecho não previsto, sua saída da Fundação Carlos Chagas.

Ainda que a equipe responsável permanecesse a mesma e à frente da empreitada, e fosse mantido o apoio da Ford, iniciava-se o segundo período de vida do veículo, de 1984 a 1988. Para estruturar esta nova fase foi criado o Núcleo de Comunicação Mulherio, que publicou os 24 números seguintes, agora sob a responsabilidade editorial da jornalista Inês Castilho. Durante este período a equipe responsável teve que lidar no seu dia-a-dia com o fantasma da auto-suficiência para sua continuidade.

Em 1988, nova mudança acontece e o jornal passa a se chamar Nexo, Feminismo, Informação e Cultura. Datam, de junho e julho, os dois únicos números publicados. Não conseguindo diversificar suas fontes de sustento e não contando mais com o apoio da Fundação Ford, a equipe rende-se ao infortúnio e conclui sua existência.

Lá se vão anos que o jornal encerrou suas atividades e ainda assim, ao percorrer suas páginas, recolhe-se o exemplo de um trabalho precursor e do empenho coletivo das diversas equipes envolvidas, nesta forma inusitada de comunicação alternativa.

A coleção de Mulherio e Nexo, mantida no acervo da Biblioteca Ana Maria Poppovic, da Fundação Carlos Chagas, agora encontra-se disponível para consulta virtual.

Aventura-se, e boa leitura!

Depoimentos [+]

Texto em cinza com os dizeres “Foi um trabalho realmente coletivo, feito a muitas mãos e cabeças, e que certamente deixou muitos frutos dentro e fora de nós”. Abaixo, o nome Adélia Borges aparece em verde.
Texto em cinza com os dizeres “Testemunha de um tempo e de um lugar, reflexo de um momento histórico, Mulherio traz muitas matérias de interesse em suas quase quarenta edições. Boa leitura!”. Abaixo, o nome Inês Castilho aparece em verde.
Texto em cinza com os dizeres “Muita ousadia daquele grupo de pesquisadoras e de jornalistas, produzir um jornal feminista, independente, com recursos escassos, menos nossa vontade de fazê-lo”. Abaixo, o nome Fúlvia Rosemberg aparece em verde.