Avaliação seriada na graduação em medicina: por que e como aumentar a confiabilidade?
Teorias pedagógicas construtivistas estão substituindo os princípios tradicionais de ensino/aprendizado nos cursos de medicina, o que tem levado à aplicação do Teste de Progresso em cursos no mundo todo e à necessidade de aprimorar esse tipo de avaliação.
Data de publicação original: 22/10/2023
O uso de metodologias ativas nos cursos de medicina levou a uma busca por avaliações cognitivas que encorajassem o estudo contínuo e desestimulassem o estudo de última hora. Nesse contexto, na década de 1970, surgiu na Europa e na América do Norte o Teste de Progresso (TP). Atualmente, em vários países do mundo, uma ou quatro vezes ao ano, em um mesmo dia e hora, todos os alunos dos cursos respondem a uma prova que aborda o conteúdo esperado dos estudantes ao finalizarem a graduação.
Esse tipo de avaliação parece funcionar bem para os alunos do último ano, mas existe dúvida se os resultados são confiáveis para os discentes das fases intermediárias e iniciais. As provas são elaboradas conjuntamente por um consórcio regional de escolas, com apoio daAssociação Brasileira de Educação Médica. Os resultados são entregues para os alunos de forma sigilosa e com garantia defeedback. Cada estudante recebe também a média das notas de seus colegas de curso e de consórcio, o que permite que o aluno descubra precocemente quais áreas são seus pontos fortes e fracos.
Assim, as escolas passam a ter um instrumento de avaliação de suas diferentes áreas de conhecimento. Para aumentar a confiabilidade dos resultados, países como a Holanda aplicam o TP quatro vezes ao ano. Porém isso é muito caro, surgindo a preocupação de como aumentar a confiabilidade do TP, mesmo com uma única aplicação anual.
O estudoAvaliação longitudinal de estudantes de medicina: o teste de progresso é apropriado?, publicado na revistaEstudos em Avaliação Educacional, mostrou que a estrutura atual do TP é ótima para os alunos das últimas fases, razoável para as etapas intermediárias e inaceitável para os alunos das fases iniciais. Como não temos condições econômicas de realizar quatro provas ao ano, propomos uma nova estrutura da avaliação com a denominação de Teste de Progresso Customizado.
Nele, uma parte das questões seria comum a todos alunos, para verificar o progresso do ganho de conhecimento teórico ao longo do curso, e outra parte seria específica para cada fase. Avaliações seriadas confiáveis ao longo de todo curso permitem aos alunos orientar seus estudos. Essa característica do TP talvez possa contribuir para a melhoria da educação médica e de outros cursos da saúde.
Dado o atual aumento de escolas médicas no Brasil, é necessário um bom sistema de avaliação educacional de larga escala. O Teste de Progresso Customizado proposto pode ser uma boa alternativa à realização de teste único de licenciamento ao final do curso.
Leia o artigo em
Pinheiro, C. E. A., & Souza, D. O. de. (2023). Avaliação longitudinal de estudantes de medicina: o teste de progresso é apropriado?.Estudos em Avaliação Educacional,34, e09220.https://doi.org/10.18222/eae.v34.9220 Os argumentos presentes nestepost são de responsabilidade dos autores e não necessariamente expressam as opiniões da Fundação Carlos Chagas.