Considerando as propostas das recentes políticas públicas para a educação básica, é possível perceber determinadas mudanças nas proposições curriculares e nos encaminhamentos pedagógicos para a educação escolar. Tais dispositivos legais determinam uma diminuição da carga horária de educação física, sobretudo a partir do Novo Ensino Médio. Assim, ao analisar as consequências dessa decisão para o trabalho pedagógico na educação física, o artigo reflete sobre o lugar desse componente curricular na escola e no projeto nacional de educação, assim como se questiona sobre os fundamentos que o legitimam. Os argumentos são produzidos à luz das transformações do mundo do trabalho e do atual estágio de desenvolvimento do processo produtivo do capital."O impulso para a investigação foram as experiências no âmbito da educação básica, os estudos e as pesquisas acadêmicas desenvolvidas pelo grupo de estudos e pesquisas sobre trabalho, educação e políticas públicas – Kairós – da Universidade Federal de Santa Maria. Como ponto de partida, as políticas educacionais têm como base a análise e a produção de dados, uma vez que incidem diretamente no trabalho dos professores e na produção de conhecimento em aula. Ao realizar a comparação com a literatura, evidencia-se a formação da cultura corporal da juventude, destacando o movimento histórico de avanços e rupturas em que localizou a educação física escolar no projeto dominante de educação básica."A análise seguiu dois caminhos argumentativos a fim de justificar a tese central da pesquisa – o trabalho pedagógico na educação física do Novo Ensino Médio encontrar-se comprometido, ou seja, ameaçado, em crise ou em situação de abandono: 1) não contribui para a formação das novas forças produtivas do capital; 2) o sentido econômico do trabalho pedagógico da educação física é viabilizado no contexto não escolar, no setor de serviços, pois as práticas corporais são consumidas, tal como qualquer outra mercadoria, nos espaços privados.A pesquisa reivindica a produção de um trabalho pedagógico na escola que considere a formação da cultura corporal da juventude não subordinada às necessidades do processo produtivo do capital ou com a finalidade última de adequação à dinâmica do mundo do trabalho. É reivindicada uma produção de conhecimento na educação física escolar crítica e superadora, que direcione outros modos de vida.ReferênciaScapin, G. J., & Ferreira, L. S. (2022).O abandono do trabalho pedagógico na educação física do Novo Ensino Médio.Cadernos de Pesquisa,52, Artigo e09413. https://doi.org/10.1590/198053149413Leia o artigo emCadernos de Pesquisahttps://publicacoes.fcc.org.br/cp/article/view/9413
Saiba maisEducação Física e o Mundo do Trabalho:https://www.efdeportes.com/efdeportes/index.php/EFDeportes/article/download/3164/1564?inline=1
Qual o impacto da ausência da educação física aos alunos do ensino médio?https://cultura.uol.com.br/noticias/50898_a-importancia-da-educacao-fisica-para-alunos-do-ensino-medio.html
Vídeo – Canal Educação Física e Marxismo: Educação Física e o Mundo do Trabalho:https://www.youtube.com/watch?v=VJzKApXn0CI
Ferreira, L. S. (2017).Trabalho Pedagógico na escola: Sujeitos, tempo e conhecimentos. 2017.
Nozaki, H. T. (2015). Políticas Educacionais no movimento das mudanças no Mundo do Trabalho: O caso do trabalho do professor de educação física. In M. S. Souza, J. F. M. Ribas, & V. C. Calheiros (Orgs.),Conhecimento em educação física: No movimento das mudanças, no mundo do trabalho(pp. 59-80). Editora UFSM.
Scapin, G. J. (2021). Da crise de identidade à crise existencial? A prática pedagógica da educação física escolar analisada pelo prisma do mundo do trabalho informacional-digital. InAnais da 8. Semana Maranhense de Educação Física e 1. Encontro Estadual do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte, São Luís, MA, Brasil.https://even3.blob.core.windows.net/anais/390792.pdf
Os argumentos presentes neste post são de responsabilidade dos autores e não necessariamente expressam as opiniões da Fundação Carlos Chagas.