Os movimentos sociais como partida
Atuante na pesquisa em gênero, sexualidade e educação, Thaís Gava reúne experiências com movimentos sociais e compartilha referências na área.
A Fundação Carlos Chagas é uma instituição pioneira no desenvolvimento dos estudos de gênero no Brasil e segue como referência na área com as produções de seu grupo Gênero, Raça/Etnia: Educação, Trabalho e Direitos Humanos. Hoje, o grupo é composto por cinco mulheres à frente de projetos de pesquisa, além de uma equipe de bolsistas e colaboradores.
Para resgatar o caráter colaborativo, inspirador e histórico do processo de construção de conhecimento na área de gênero e equidade, a série Gênero, raça e etnia: uma história de pesquisa tecida a muitas mãos apresentará, ao longo dos meses de junho e julho, como mulheres e pesquisadoras desse campo de estudos influenciaram as trajetórias de cada uma das mulheres que integram esse grupo de pesquisa na Fundação Carlos Chagas.
A definição de um interesse de pesquisa pode partir do envolvimento em causas e movimentos sociais. Na trajetória de Thaís Gava, a participação em projetos de intervenção e pesquisa nas áreas da saúde e da educação básica, ligados aos movimentos feministas e de HIV/AIDS, foram fundamentais para essa decisão. Segundo ela, “foi a partir das discussões sobre a ‘prática’, permeadas por reflexões sobre gênero, diversidade sexual e raça, como potentes categorias de análise social e política, que diversos questionamentos foram apresentados, demandando a busca por alternativas de trabalho que contemplassem tais reflexões”.
A assistente de pesquisa da Fundação Carlos Chagas hoje atua nas áreas de gênero, sexualidade, direitos sexuais e direitos reprodutivos em suas intersecções com a educação. Formada em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Thaís colaborou com a ECOS Comunicação em Sexualidade — organização que atua junto a adolescentes, jovens, mulheres, população LGBTQI+, educadores e profissionais de saúde para promoção da igualdade de gênero e étnico-racial e dos direitos sexuais e reprodutivos. Foi na ECOS que ela trabalhou com uma das mulheres de referência para sua trajetória, a cientista social Sylvia Cavasin, especializada em educação, saúde, diversidade sexual, gênero e masculinidades.
Em sua jornada acadêmica, Thaís também destaca o papel fundamental de duas mulheres que foram seus pilares de orientação: as pesquisadoras Wilza Villela, que a orientou no mestrado na área de Educação e Sexualidade na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e Cláudia Vianna, orientadora de doutorado na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FE/USP).
A relação com Cláudia é, inclusive, um ponto de intersecção dentro do próprio grupo de pesquisa Gênero, Raça/Etnia: Educação, Trabalho e Direitos Humanos, como parceira da colega Sandra Unbehaum em projeto sobre políticas educacionais e de gênero.
No mesmo período em que realizava seu mestrado, Thaís se aproximou do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP), onde, juntamente com Sandra entre 2012 e 2013, atuou na realização do projeto Dar Voz aos Jovens, coordenado pela pesquisadora Elza Berquó. Ligada a projetos da Fundação Carlos Chagas, Elza faz parte do Conselho de Honra da instituição e é uma das maiores referências brasileiras nas áreas de população e demografia, com importante recorte de gênero em suas pesquisas.
Thaís também cita a entrada na Fundação Carlos Chagas como um momento importante de sua trajetória e dos entrelaçamentos com as pesquisas de outras mulheres reconhecidas por seu posicionamento crítico e pelo rigor acadêmico. “Mulheres comoAlbertina Costa,Maria Cristina Bruschini,Carmen BarrosoeFúlvia Rosembergpodem ser referenciadas pelo caminho trilhado na instituição e na construção dos estudos de gênero como um campo de pesquisa relevante no cenário brasileiro”, destaca.
Saiba mais
Gênero, Raça/Etnia: Educação, Trabalho e Direitos HumanosAs pesquisas do grupo privilegiam a análise das relações de gênero e étnico-raciais em diferentes espaços de interação social, visando a promover os direitos humanos de populações historicamente discriminadas.