Aproximadamente 30% dos docentes do sexo masculino atuam em mais de uma escola no Brasil; entre as professoras, o percentual cai para 16,8%
Em relação à cor e raça, o estudo feito pela Fundação Carlos Chagas identificou pequenas diferenças nos percentuais entre brancos, pretos e pardos
O trabalho docente em múltiplas escolas é mais frequente entre docentes do sexo masculino do que do sexo feminino. De acordo com a nota técnicaAtuação Docente em Múltiplas Escolas no Brasil, 29,8% dos professores lecionam em mais de uma escola; já com relação às professoras, esse percentual cai para 16,8%.
Elaborada pela Fundação Carlos Chagas, em parceria com a Universidade de Stanford e o D³e (Dados para um Debate Democrático na Educação) como parte da pesquisa Professores que trabalham em múltiplas escolas no Brasil: mapeando e compreendendo o fenômeno, a nota técnica utilizou dados do Censo Escolar de 2023 para traçar um perfil dos professores brasileiros que trabalham em mais de uma unidade escolar.
As diferenças entre a ocupação docente de professores do sexo masculino e professoras do sexo feminino podem ser explicadas, segundo uma hipótese da pesquisa, por conta do aumento da concentração da atuação dos homens nas etapas e segmentos em que o trabalho docente em múltiplas escolas mais ocorre, ou seja, nosanos finais do ensino fundamentale no ensino médio. Enquanto as mulheres correspondem a mais de 90% dos docentes em creches e na educação infantil, essa porcentagem cai para 77,5% no ensino fundamental e 57,5% no ensino médio, conformedados do Censo Escolar 2022.
Em relação ao perfil dessa atuação, na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, os docentes geralmente são polivalentes, atuando em uma única escola com apenas uma turma de alunos. Já nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio, há predomínio de professores especialistas, que lecionam, para diversas turmas, um ou mais componentes curriculares específicos de acordo com sua formação.
Outra hipótese levantada é que as mulheres apresentam menor disponibilidade de tempo para acumular trabalho em mais escolas em comparação com os homens, já que elas dedicam quase o dobro de horas que eles, em média, aos afazeres domésticos, de cuidado da casa, dos filhos e familiares.
Recorte de cor e raça
De acordo com a publicação, em relação aos aspectos de cor e raça, observam-se pequenas diferenças percentuais de professores que atuam em múltiplas escolas entre brancos, pardos, pretos, indígenas e não declarantes.
No conjunto de docentes brancos, pretos e pardos, aproximadamente 20% atuam em mais de uma escola. Entre os amarelos, a proporção sobe um pouco, para 24,7%. Já entre os docentes indígenas, a proporção de professores em múltiplas escolas cai para 9,4%, provavelmente, em decorrência da distância entre escolas indígenas — modalidade de ensino na qual muitos deles lecionam.
Sobre a pesquisa
A nota técnica exclusiva aborda um panorama completo sobre a atuação docente em múltiplas escolas com recortes em aspectos específicos, como tipo de rede de ensino, modalidade de ensino, componente curricular, tipo de contrato de trabalho, localização das escolas e características dos professores. Além disso, o estudo completo englobará estudos de caso em redes de ensino e uma survey com professores.
A pesquisa tem apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Instituto Península, Instituto Sonho Grande, Movimento Profissão Docente e Instituto Natura.
Para saber mais, acesse:
Nota técnica Atuação docente em múltiplas escolas no Brasil
Planilha com dados por estados e municípios