Estudo publicado pela Fundação Carlos Chagas aborda segregação de gênero na escolha profissional no Brasil
Pesquisa analisou dados do Censo da Educação Superior com o objetivo de identificar causas e características do viés de gênero nos cursos de graduação no Brasil
Dados divulgados peloCenso da Educação Superiorapontam que 59% das matrículas em cursos de graduação no Brasil são de mulheres. Elas também são a maioria entre os ingressantes totais e, especialmente, nos cursos de licenciatura.
O estudoViés de gênero na escolha profissional no Brasilteve como objetivo analisar a segregação por sexo nos cursos presenciais de ensino superior brasileiro e investigar suas causas, características e evolução ao longo do tempo.
A pesquisa publicada na revista Cadernos de Pesquisa, da Fundação Carlos Chagas, utilizou dados do Censo da Educação Superior entre 2000 e 2017. Nesse período analisado, a queda no grau geral de segregação de gênero foi considerada tímida pelos autores, com a redução da estratificação de homens e mulheres entre as grandes áreas de conhecimento.
O papel social atribuído às mulheres se reflete, também, nas atividades desempenhadas por elas no trabalho. Formações ligadas ao cuidado e à formação docente, como no caso das licenciaturas, ecoam essa estratificação do papel feminino na sociedade. Os atributos culturalmente vinculados à mulher inibem, assim, sua atuação em atividades mais técnicas e científicas, comoo estudo e atuação profissional nas áreas de ciências, tecnologia e matemática (STEM, em inglês).
Após a revisão de literatura e a análise dos microdados extraídos do Censo de Educação Superior, os pesquisadores apontam que, na edição de 2000 do Censo, notou-se a existência de 359 cursos presenciais de graduação e 2,69 milhões de estudantes matriculados, dentre os quais 56,2% eram mulheres.
Com relação aos cursos mais frequentes, são observados as formações em Pedagogia e Engenharia Civil. Apesar de ser o terceiro curso com maior número de estudantes matriculados em 2000, Pedagogia é o 18º mais frequente entre a população masculina. Já no caso das mulheres, ocupa o primeiro lugar de escolha das alunas ingressantes.
Ainda que avanços tenham sido observados no estudo e nos dados divulgados em 2024 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), a continuidade das conquistas femininas em direção a uma maior equidade no mercado de trabalho e nos espaços de educação e formação profissional depende da superação de estereótipos de gênero arraigados na sociedade, que influenciam, inclusive, na escolha profissional.
Por fim, o estudo conclui que é imprescindível o fortalecimento de ações e políticas que visem estimular o ingresso e a permanência das mulheres em cursos predominantemente masculinos no Brasil.
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Saiba mais
Pessoa, M. F., Vaz, D. V., & Botassio, D. C. (2021). Viés de gênero na escolha profissional no Brasil. Cadernos De Pesquisa, 51, e08400.
Recuperado dehttps://publicacoes.fcc.org.br/cp/article/view/8400