Analfabetismo funcional: índice entre os brasileiros não recua e mantém patamar registrado em 2018, segundo Inaf
De acordo com levantamento, 29% dos brasileiros entre 15 a 64 anos seguem nessa condição
Jade Castilho
13/05/2025 14:54:02
O índice de analfabetismo funcional no Brasil se manteve estável em 29%, mesmo patamar registrado em 2018. É o que mostra a nova edição doIndicador de Alfabetismo Funcional (Inaf).
O levantamento aponta que brasileiros de 15 a 64 anos seguem nessa condição. Em 2018, a série histórica da pesquisa foi interrompida devido à pandemia de Covid-19 e foi retomada em 2024.
Com relação aos jovens, o analfabetismo funcional teve um ligeiro incremento. Em 2018, 14% dos jovens de 15 a 29 anos estavam nessa condição e o percentual aumentou para 16% em 2024.
Por meio de uma prova escrita e digital aplicada em domicílio, o Inaf avalia quatro habilidades funcionais nos campos do letramento, do numeramento e do contexto digital que estão organizadas em quatro grupos de habilidades: reconhecer/ decodificar, localizar/ identificar, compreender e avaliar/ refletir.
A partir da avaliação dessas habilidades nos campos definidos na matriz do Indicador, os participantes da pesquisa são agrupados em níveis de alfabetismo, conforme gráfico abaixo.
Fonte: Inaf
Escolarização e alfabetização
Segundo o Inaf, a escolaridade é o principal indutor da elevação do nível de alfabetismo. No entanto, o Indicador mostra que há um grande número de pessoas que não conseguem chegar ao alfabetismo em nível consolidado mesmo tendo maior escolaridade.
Em 2024, oito em cada dez que cursaram apenas os anos iniciais do Ensino Fundamental permanecem na condição de analfabetismo funcional e 19% chegam apenas ao nível elementar.
Dentre aqueles que cursaram os anos finais do Ensino Fundamental, 43% podem ser classificados como analfabeto funcional, 40% têm alfabetismo elementar e apenas 17% chegam ao nível consolidado de alfabetismo.
Entre as pessoas classificadas pela escala Inaf no nível Proficiente, 38% estudam ou estudaram até o ensino médio e mais da metade (54%) cursam ou cursaram a Educação Superior.
Perfis dos respondentes
Os dados levantados pelo Indicador mostram que se mantém uma desigualdade nos níveis de alfabetismo de pessoas pretas e pardas, em comparação às pessoas brancas.
Em 2024 apontam que, 31% dos brasileiros e brasileiras que se autodeclaram pretos e pardos foram posicionados nos dois níveis mais altos da escala de alfabetismo, enquanto entre os que se autodeclaram brancos, a proporção é de 41%. Na edição anterior, essa proporção era, respectivamente, de 33% e 45%.
Letramento digital
Pela primeira vez, o Inaf de 2024 traz informações sobre o alfabetismo no contexto digital. A pesquisa incluiu questões que simulavam tarefas cotidianas em celulares, como realizar uma compra online, fazer pagamentos, selecionar um filme em um serviço destreaming, preencher formulários, entre outros.
De acordo com o estudo, 95% dos respondentes que estão no nível analfabeto apresentam um desempenho considerado baixo em tarefas digitais, sendo que 4% possuem desempenho médio e 1% alcançam o patamar alto de desempenho.
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