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“A arte faz a vida valer a pena”: a leitura e o cinema na formação de pesquisadores

Rodnei Pereira, pesquisador da Fundação Carlos Chagas, comenta sobre livros e filmes que despertaram seu interesse pela pesquisa e pela educação

Jade Castilho

Publicado em:

06/03/2025 14:03:10

“E o Oscar vai para…”. A cerimônia do Oscar é a mais famosa premiação de cinema que existe no mundo, destacando as melhores produções cinematográficas do ano anterior. 

Além do reconhecimento de melhor filme, melhor trilha sonora, melhor roteiro ou melhor animação, uma premiação como o Oscar pode despertar a reflexão sobre o papel do cinema, e das artes como um todo, na formação dos sujeitos e na construção de conhecimentos. 

Rodnei Pereira, doDepartamento de Pesquisas Educacionaisda Fundação Carlos Chagas (DPE/FCC), relatou como a literatura e o cinema atravessaram sua formação como pesquisador. Marli André, professora de Rodnei, disse-lhe o quanto ler literatura, ouvir boa música, frequentar o teatro, exposições de arte e cinema fariam toda a diferença na sua formação integral. E assim o fez. 

Para o pesquisador, um filme marcante e que também destaca a importância do cinema brasileiro éDomésticas, o filme, de Nando Olival e Fernando Meirelles, baseado na peça de teatro de mesmo nome, de Renata Melo. 

"Despertou minha sensibilidade para as experiências de mulheres de um Brasil que as elites brasileiras veem todos os dias, mas não reparam, não enxergam, não refletem sobre o quanto há de herança colonial, de reprodução de desigualdades raciais e de gênero, de violências de vários tipos, nas relações estabelecidas com diaristas e empregadas domésticas", relata Rodnei.

Na chave da literatura, o pesquisador comenta como o encontro com a obraUm defeito de cor, romance de Ana Maria Gonçalves, marcou sua trajetória como pesquisador, logo no prefácio. 

"No momento em que li esse trecho pensei: "não se pode ser um bom pesquisador sem que estejamos atentos para descobrir ou encontrar alguma coisa que não estávamos a procurar, mas que se mostrou para nós", reforça. 

Para Rodnei, a leitura dessa obra foi um divisor de águas. “Posso afirmar que tornei-me negro, em alusão ao trabalho de Neusa Santos, por ter lido Um Defeito de Cor duas vezes. E daí para frente, educação antirracista passou a ser um dos meus temas de pesquisa. Penso que isso é um exemplo da importância da literatura em meu percurso biográfico”, afirma o pesquisador. 

Pensar a arte além de seu papel instrumental e de aprimoramento da escrita, por exemplo, através da literatura, é fundamental, segundo Rodnei. 

"Diria que elas [as artes] lapidam nosso espírito, contribuindo para que nossa existência seja mais sensível e humana, e nesse sentido, fazem com que possamos pensar melhor e mais bonito. Formamo-nos, nessa perspectiva, para uma atividade que envolve a mobilização de um exercício refinado da razão, dialeticamente unida a valores éticos e estéticos. A arte faz a vida valer a pena", completa. 

Saiba mais

Um defeito de cor, de Ana Maria Gonçalves

Domésticas, o filme

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