Pesquisadora da FCC aborda estudo sobre atuação docente em múltiplas escolas no Brasil na Universidade de Stanford
Segundo pesquisa coordenada por Gabriela Moriconi, aproximadamente 450 mil professores trabalham em duas ou mais escolas no país
Jade Castilho
08/12/2025 14:37:38
Atuar em mais de uma escola é um cenário cotidiano na vida de muitos docentes no Brasil. Pensando nessa realidade diária de educadores e educadoras no país, a Fundação Carlos Chagas, em parceria com o Centro Lemann da Universidade de Stanford e o D³e (Dados para um Debate Democrático na Educação), realiza uma pesquisa voltada para mapear e compreender os fatores que contribuem para a ocorrência desse fenômeno no país.
A pesquisa conta com o apoio do CNPq, do Instituto Península, do Movimento Profissão Docente, do Instituto Sonho Grande e do Instituto Natura. Gabriela Moriconi, pesquisadora do Departamento de Pesquisas Educacionais da Fundação Carlos Chagas (DPE/FCC), coordena o estudo e como parte dele atualmente está realizando estudos pós-doutorais na Universidade de Stanford.
Ela abordou achados e desafios que a equipe de pesquisa vem encontrando durante apresentação na universidade, no último dia 2 de dezembro de 2025.
A pesquisa em andamento, intitulada Professores que trabalham em múltiplas escolas no Brasil: mapeando e compreendendo o fenômeno, utiliza metodologias variadas que envolvem a análise estatística dos dados do Censo Escolar, estudos de caso em redes de ensino e a aplicação de questionários a professores, com o intuito de explorar as causas para o trabalho docente em mais de uma unidade escolar.
Segundonota técnica publicada em 2024, aproximadamente 450 mil professores trabalham em duas ou mais escolas no país, condição que traz prejuízos à saúde docente e à qualidade do ensino e da aprendizagem. Na nota técnica foram disponibilizados dados sobre o trabalho docente em múltiplas escolas para cada rede estadual e municipal do país, favorecendo a realização de diagnósticos por parte das suas respectivas equipes gestoras.
Ao longo da apresentação, Gabriela Moriconi explorou alguns dos resultados da investigação, baseados na análise de dados do Censo e em estudos de caso em secretarias estaduais de educação, discutindo como eles podem contribuir para a compreensão do fenômeno e para políticas públicas voltadas ao seu enfrentamento.
“Estamos observando que, para as decisões dos professores em relação à quantidade de escolas nas quais vão trabalhar, assim como a questão do valor da remuneração, também parece pesar muito o risco de perda de aulas durante o ano letivo, tanto para temporários como para efetivos que ampliam suas jornadas de modo temporário. Além disso, identificamos que a forma como os processos de atribuição de aulas e turmas são desenvolvidos nas redes também têm um papel importante para a ocorrência do fenômeno”, completa a pesquisadora.
Novos achados e os resultados completos do estudo serão publicados em julho de 2026.
Saiba mais
Atuação docente em múltiplas escolas no Brasil é tema de pesquisa feita pela Fundação Carlos Chagas