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O diagnóstico do clima e da convivência na escola: elementos para uma liderança colaborativa e democrática

A qualidade tanto do clima quanto da convivência escolar contribui para políticas de promoção de bem-estar e desenvolvimento na educação

22/08/23 | Por Luanne Caires - assessora de imprensa no Núcleo de Comunicação da Fundação Carlos Chagas, e-mail: comunicacao@fcc.org.br

Cartaz com fundo cinza e faixa lateral com formas geométricas em cinza, vermelho e branco. Sobre o fundo, há a frase: Grupo de Pesquisa Avaliação Educacional - O diagnóstico do clima e da convivência na escola: elementos para uma liderança colaborativa e democrática. A logomarca da Fundação Carlos Chagas e ícones do LinkedIn, Instagram e YouTube aparecem na parte inferior, ao lado do termo @fundacaocarloschagas.

A avaliação no contexto escolar vai muito além de verificar o conhecimento dos estudantes nas diferentes disciplinas curriculares. Dentro e fora da sala de aula, aspectos essenciais que devem ser levados em consideração são o clima e a convivência, que se relacionam diretamente ao pensar sobre a escola que se deseja e sobre a formação que se pretende dar aos alunos. Neste sentido, o bem-estar, a promoção do desenvolvimento socioemocional, do pertencimento e da acolhida, bem como as análises das percepções e sentimentos no ambiente escolar, precisam também ser alvo continuado de avaliação e reflexão. 

Uma das maneiras de promover um ambiente de cuidado, apoio e boas relações entre os membros da comunidade escolar é adotar uma postura que inclua lideranças em uma perspectiva de gestão colaborativa e, portanto, democrática. A Fundação Carlos Chagas (FCC), em parceria com a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e o Observatório Internacional do Clima Escolar e Prevenção da Violência (Espanha), realiza um projeto de diagnóstico do clima escolar e formação de lideranças em quatro escolas do Programa de Ensino Integral na cidade de São Carlos (SP). 

Para Adriano Moro, pesquisador da FCC e coordenador da pesquisa, o papel das lideranças é fundamental para a melhoria do clima, mas é preciso que essas lideranças sejam distribuídas e compartilhadas, envolvendo todos os segmentos da instituição, mobilizando as pessoas para que trabalhem juntas e compartilhem responsabilidades. “Afinal, a escola é nossa a partir de um trabalho bem coordenado por parte da equipe gestora, reconhecendo e apoiando os diversos esforços para a melhoria desse ambiente. Neste contexto, pode-se promover um forte sentimento de pertencimento da comunidade educativa, aspecto primordial para um clima escolar positivo”, complementa o pesquisador. 

Benefícios do ensino integral

A escolha das escolas analisadas no projeto não se deu ao acaso. Por participarem do Programa de Ensino Integral, instituído pela lei complementar nº 1.164 de 2012 no estado de São Paulo, as quatro escolas selecionadas têm potencial de oferecer condições favoráveis a um clima que seja percebido como mais positivo por professores e alunos. 

Do ponto de vista dos professores, é possível ministrar disciplinas eletivas no contraturno e, com isso, assumir menos turmas para completar sua carga horária. A redução adequada do volume de trabalho, entendido como quantidade total de alunos por professor, já traz benefícios por si só para o bem-estar físico e mental docente. Além disso, ao passarem mais tempo com as mesmas turmas, os professores reforçam vínculos com os estudantes e ampliam os espaços para acompanhá-los e orientá-los.  

Já para os alunos, passar mais tempo na escola pode ser uma oportunidade para um desenvolvimento que vai além de conteúdos acadêmicos. Caso o currículo ofereça atividades na perspectiva de uma educação integral, as atividades complementares possibilitam trabalhar habilidades nas dimensões física, social, emocional e cultural dos estudantes, com espaços de escuta, acolhimento, reflexão crítica e cooperação. 

A importância da formação de quem gere a escola

Para a criação de um ambiente de convivência positivo, é preciso que a comunidade escolar se comprometa a adotar atitudes e ações que invistam  no diálogo, no respeito e nas relações justas entre as pessoas. O papel dos gestores é fundamental nesse processo, já que são eles os responsáveis por gerenciar a atuação de diferentes grupos na escola. 

A Fundação Carlos Chagas iniciou um projeto, coordenado pelo pesquisador Adriano Moro, de  formação das equipes gestoras de escolas da rede municipal de Belo Horizonte, em Minas Gerais, com o objetivo de elaborar seus planos de convivência. As atividades têm como base o diagnóstico do clima escolar feito pela rede em 2022, também com participação da FCC

O percurso de formação inclui etapas de sensibilização sobre a convivência nas escolas, discussão de aspectos teóricos importantes para a elaboração de um plano, reflexões sobre os conteúdos vistos no processo formativo e sobre as especificidades e objetivos de cada escola e, por fim, a conclusão da elaboração do plano de convivência modelo, para que os gestores iniciem a implementação, o acompanhamento e a avaliação do plano nas unidades em que atuam. 

A participação das famílias

Uma boa formação de lideranças democráticas depende não apenas de um diagnóstico do clima e da convivência, mas também da investigação de mudanças na dinâmica de funcionamento escolar. No período de distanciamento social imposto pela pandemia de covid-19, por exemplo, o caráter remoto da educação formal passou a incluir o ambiente doméstico. Foi quando a Fundação Carlos Chagas iniciou o projeto Diagnóstico do clima educacional e a relação com o ensino remoto na perspectiva de estudantes e seus pais/responsáveis, que busca compreender como professores, alunos e familiares perceberam e experienciaram o clima educacional, no contexto da educação remota e do ensino híbrido. 

Segundo Adriano, o projeto trouxe elementos para refletir e investir na construção de novos instrumentos de diagnóstico do clima escolar na perspectiva dos familiares dos estudantes: “O clima reflete um conjunto de expectativas compartilhadas pelos indivíduos que fazem parte da comunidade educacional. Por isso, contar com a participação das famílias e de outros agentes escolares que não ocupam cargos de gestão e de ensino contribui para um diagnóstico mais eficaz acerca do ambiente educacional e, consequentemente, para o investimento na melhoria do clima”, explica. 

Neste sentido, em iniciativa inédita no Brasil, a Fundação Carlos Chagas iniciou uma proposta de construir e validar uma escala de avaliação do clima escolar a partir da perspectiva de pais e responsáveis dos estudantes do Ensino Fundamental e do Ensino Médio de escolas brasileiras. Funcionários das instituições educativas que não são gestores, professores e coordenadores pedagógicos também serão considerados. O projeto dá sequência a uma pesquisa anterior coordenada por Adriano Moro, Telma Vinha e Alessandra de Moraes, que teve como resultado a elaboração e validação de instrumentos para avaliar o clima escolar a partir da avaliação de estudantes, professores e gestores de escolas

Nesta nova etapa, a Fundação Carlos Chagas trabalha em parceria com o Núcleo de Pesquisas do Instituto Vera Cruz, a UNESP de Marília (Grupo de Estudos e Pesquisas em Psicologia Moral e Educação Integral – GEPPEI), a UNESP de São José do Rio Preto e o Instituto Federal de São Paulo – campus Presidente Epitácio. 

Saiba mais:
Avaliação Educacional
Grupo de pesquisa da Fundação Carlos Chagas que tem como meta prioritária gerar conhecimento no campo da Avaliação Educacional, a partir da produção, sistematização, análise e divulgação de pesquisas, bem como da reflexão teórico-metodológica, de forma a ampliar os referenciais que sustentam propostas de investigação na área.

Pesquisadores explicam como foi construída e validada a primeira avaliação do clima escolar no país
Em vídeo, os pesquisadores Adriano Moro (FCC) e Alessandra de Morais (UNESP) explicam o processo de construção, testagem e validação de instrumento para mensurar o clima escolar.

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