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Muito além da chuva: práticas educativas na prevenção de desastres socioambientais são tema de melhor tese na área de ensino

Reconhecida pelo Prêmio Capes de Tese, a pesquisa analisou os projetos pedagógicos feitos nas escolas para a campanha #AprenderParaPrevenir

22/03/24 | Por Jade Castilho, assessoria de comunicação da Fundação Carlos Chagas, comunicacao@fcc.org.br

Composição de fundo verde, azul e creme, com uma linda ondulada vermelha. Sobre o fundo, há o texto: Prêmio Capes de Tese 2023. Muito além da chuva: práticas educativas na prevenção de desastres. Patricia Matsuo - Melhor tese na área de Ensino. A logo da Fundação Carlos Chagas aparece em uma barra inferior branca.

O ensino de questões ambientais nas escolas é essencial para a compreensão dos desastres climáticos. Foi com essa premissa que a pesquisadora Patrícia Mie Matsuo elaborou sua tese de doutorado intitulada Práticas escolares de Educação em Redução de Riscos e Desastres Socioambientais, vencedora da categoria Ensino no Prêmio Capes de Tese 2023.

O estudo utilizou como metodologia a análise de conteúdo de projetos feitos por 238 escolas brasileiras com base na campanha #AprenderParaPrevenir, promovida pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

Os desastres socioambientais são cada vez mais frequentes no Brasil. Em 2023, foram 1.161 registros feitos pelo CEMADEN, sendo 716 associados a eventos hidrológicos, como transbordamento de rios, e 445 de origem geológica, como deslizamentos de terra. 

Desta forma, Patricia observou as práticas educativas inscritas por educadores e educadoras de todo o país e as estratégias usadas para o despertar crítico e o exercício da cidadania dos estudantes. 

“Além de ter sido parte da minha prática profissional, eu me recordei que tanto eu quanto minha família e minha escola fomos vítimas de desastres com as inundações do Rio Tietê em Mogi das Cruzes. Isso trouxe pra mim um significado ainda maior sobre como o tema também estava ligado à minha vida pessoal e à história das escolas públicas onde eu estudei”, afirma. 

Após a coleta de dados no site do órgão federal, relacionadas às atividades enviadas de 2016 a 2019, a autora realizou entrevistas remotas e presenciais com os professores responsáveis pelas ações pedagógicas. A representatividade de segmentos de ensino nas campanhas de prevenção de desastres mudou ao longo das edições observadas. Escolas do Ensino Fundamental II foram as mais participativas em 2016, e as do Ensino Fundamental I em 2018 e 2019.  

O trabalho na redução de riscos e de desastres feito pelas instituições se voltou para a oportunidade de incluir a temática no ensino de diversas disciplinas e auxiliar na formação de adultos conscientes desses eventos, suas causas e ações que podem ser adotadas para controlar sua ocorrência. 

A pesquisadora adotou um modelo de mandala para classificar, em cinco categorias diferentes, as diversas abordagens de Educação em Redução de Riscos e Desastres (ERRD): expositiva, experiencial, investigativa, comunicativa e cidadã. As classificações foram feitas de acordo com as habilidades e estratégias desenvolvidas durante a atividade. Um dos exemplos das classificações experiencial e investigativa foi a construção de pluviômetros, instrumentos para medir a quantidade de chuva, com garrafas PET. 

 

Mandala com as cinco categorias de abordagem na Educação em Redução de Riscos e Desastres (ERRD). Reprodução: Patrícia Matsuo e Rosana Louro Ferreira Silva (2021), em colaboração com Bruna Yuri (arte final)

 

A abordagem experiencial, junto com a comunicativa, foi a mais encontrada em toda a análise. Essa abordagem proporciona o contato direto com os elementos do espaço e vivências em situações práticas e foi adotada em 193 iniciativas escolares, inclusive na Educação Infantil, Educação de Jovens e Adultos (EJA) e Especial. Foi também a mais frequente no Ensino Fundamental I, II e no Ensino Médio.

Um fato observado pela pesquisa foi a presença de escolas públicas no envio de 97% das inscrições da campanha, ou seja, ainda que as carências estruturais do sistema educacional brasileiro possam interferir no trabalho dos estudantes e educadores, a comunidade escolar se mobilizou para a execução de projetos e iniciativas para a prevenção de desastres. 

Outra consideração feita pela tese de Patrícia foi o interesse da temática por parte de professores e professoras, o que auxiliou na mediação de atividades mais ativas, marcando o papel dos educadores enquanto protagonistas de um processo de mudança social e na produção de conhecimentos significativos e conectados com a realidade local. 

Questionada sobre o significado da premiação, Patrícia destaca: “Esse é um prêmio coletivo. Eu dedico o prêmio à escola, a todas as comunidades escolares pela coragem, criatividade e força que demonstraram na criação dessas ações  ou atividades e na abordagem dessa temática tão desafiadora. É algo para ser celebrado de forma coletiva, de maneira muito especial. Isso mostra o quanto esse prêmio na categoria de ensino é muito representativo em tantos espaços.” 

A tese também foi publicada em formato de livro e e-book com acesso gratuito. Acesse o site da editora para download. 

Saiba mais
Prêmio CAPES de Tese 2023
Instituído em 2005, o Prêmio Capes de Teses é concedido anualmente às melhores teses de doutorado defendidas e aprovadas nos cursos de pós-graduação reconhecidos pelo MEC, selecionadas em cada uma das áreas do conhecimento da Capes, considerando os quesitos originalidade e qualidade. Informações e inscrições no site da Capes.

Práticas escolares de Educação em Redução de Riscos e Desastres Socioambientais
Autora da tese: Patrícia Mie Matsuo
Instituição: Universidade de São Paulo (USP). Programa de Pós-Graduação Interunidades em Ensino de Ciências (Modalidades Física, Química e Biologia).
Orientador: Rosana Louro Ferreira Silva

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