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Avaliação seriada na graduação em medicina: por que e como aumentar a confiabilidade?

Teorias pedagógicas construtivistas estão substituindo os princípios tradicionais de ensino/aprendizado nos cursos de medicina, o que tem levado à aplicação do Teste de Progresso em cursos no mundo todo e à necessidade de aprimorar esse tipo de avaliação

06/11/23 | Por Carlos Eduardo Andrade Pinheiro, professor do Departamento de Pediatria da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, SC, c.e.a.pinheiro@ufsc.br

Fotografia de três livros empilhados e óculos sobre papel com ondas de eletrocardiograma. Sobre a foto, há a chamada “Avaliação seriada na graduação em medicina: por que e como aumentar a confiabilidade?”. Na parte superior da composição, há o logo da revista Estudos em Avaliação Educacional, em letras brancas em um fundo vermelho, e, ao lado, o nome do blog Em Pauta, em letras na cor vermelha em um fundo claro. A logomarca da Fundação Carlos Chagas e ícones do LinkedIn, Instagram e YouTube aparecem na parte inferior.

O uso de metodologias ativas nos cursos de medicina levou a uma busca por avaliações cognitivas que encorajassem o estudo contínuo e desestimulassem o estudo de última hora. Nesse contexto, na década de 1970, surgiu na Europa e na América do Norte o Teste de Progresso (TP). Atualmente, em vários países do mundo, uma ou quatro vezes ao ano, em um mesmo dia e hora, todos os alunos dos cursos respondem a uma prova que aborda o conteúdo esperado dos estudantes ao finalizarem a graduação. Esse tipo de avaliação parece funcionar bem para os alunos do último ano, mas existe dúvida se os resultados são confiáveis para os discentes das fases intermediárias e iniciais.

As provas são elaboradas conjuntamente por um consórcio regional de escolas, com apoio da Associação Brasileira de Educação Médica. Os resultados são entregues para os alunos de forma sigilosa e com garantia de feedback. Cada estudante recebe também a média das notas de seus colegas de curso e de consórcio, o que permite que o aluno descubra precocemente quais áreas são seus pontos fortes e fracos. Assim, as escolas passam a ter um instrumento de avaliação de suas diferentes áreas de conhecimento. Para aumentar a confiabilidade dos resultados, países como a Holanda aplicam o TP quatro vezes ao ano. Porém isso é muito caro, surgindo a preocupação de como aumentar a confiabilidade do TP, mesmo com uma única aplicação anual.

O estudo Avaliação longitudinal de estudantes de medicina: o teste de progresso é apropriado?, publicado na revista Estudos em Avaliação Educacional, mostrou que a estrutura atual do TP é ótima para os alunos das últimas fases, razoável para as etapas intermediárias e inaceitável para os alunos das fases iniciais. Como não temos condições econômicas de realizar quatro provas ao ano, propomos uma nova estrutura da avaliação com a denominação de Teste de Progresso Customizado. Nele, uma parte das questões seria comum a todos alunos, para verificar o progresso do ganho de conhecimento teórico ao longo do curso, e outra parte seria específica para cada fase.

Avaliações seriadas confiáveis ao longo de todo curso permitem aos alunos orientar seus estudos. Essa característica do TP talvez possa contribuir para a melhoria da educação médica e de outros cursos da saúde. Dado o atual aumento de escolas médicas no Brasil, é necessário um bom sistema de avaliação educacional de larga escala. O Teste de Progresso Customizado proposto pode ser uma boa alternativa à realização de teste único de licenciamento ao final do curso.

Leia o artigo em

Pinheiro, C. E. A., & Souza, D. O. de. (2023). Avaliação longitudinal de estudantes de medicina: o teste de progresso é apropriado?. Estudos em Avaliação Educacional34, e09220.
https://doi.org/10.18222/eae.v34.9220


Os argumentos presentes neste post são de responsabilidade dos autores e não necessariamente expressam as opiniões da Fundação Carlos Chagas.

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