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Educação física escolar para que(m)? Análise a partir do atual mundo do trabalho

O artigo investiga a eliminação da educação física do currículo do ensino médio a partir da análise dos documentos oficiais que orientam a educação escolar pública do nosso país. Analisam-se as  consequências para o desenvolvimento do trabalho pedagógico na educação física escolar a partir das mediações das políticas públicas educacionais.

13/04/23 | Por Gislei José Scapin, doutorando em Educação, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil, gjscapin@gmail.com | Liliana Soares Ferreira, professora do Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil, anaililferreira@yahoo.com.br

Materiais e equipamentos utilizados para praticar diferentes esportes (bolas de futebol, basque, vôlei, luva e bola de beisebol, chuteira, peteca, raquete de tênis, taco, etc.).

Considerando as propostas das recentes políticas públicas para a educação básica, é possível perceber determinadas mudanças nas proposições curriculares e nos encaminhamentos pedagógicos para a educação escolar. Tais dispositivos legais determinam uma diminuição da carga horária de educação física, sobretudo a partir do Novo Ensino Médio. Assim, ao analisar as consequências dessa decisão para o trabalho pedagógico na educação física, o artigo reflete sobre o lugar desse componente curricular na escola e no projeto nacional de educação, assim como se questiona sobre os fundamentos que o legitimam. Os argumentos são produzidos à luz das transformações do mundo do trabalho e do atual estágio de desenvolvimento do processo produtivo do capital.

“O impulso para a investigação foram as experiências no âmbito da educação básica, os estudos e as pesquisas acadêmicas desenvolvidas pelo grupo de estudos e pesquisas sobre trabalho, educação e políticas públicas – Kairós – da Universidade Federal de Santa Maria. Como ponto de partida, as políticas educacionais têm como base a análise e a produção de dados, uma vez que incidem diretamente no trabalho dos professores e na produção de conhecimento em aula. Ao realizar a comparação com a literatura, evidencia-se a formação da cultura corporal da juventude, destacando o movimento histórico de avanços e rupturas em que localizou a educação física escolar no projeto dominante de educação básica.”

A análise seguiu dois caminhos argumentativos a fim de justificar a tese central da pesquisa – o trabalho pedagógico na educação física do Novo Ensino Médio encontrar-se comprometido, ou seja, ameaçado, em crise ou em situação de abandono: 1) não contribui para a formação das novas forças produtivas do capital; 2) o sentido econômico do trabalho pedagógico da educação física é viabilizado no contexto não escolar, no setor de serviços, pois as práticas corporais são consumidas, tal como qualquer outra mercadoria, nos espaços privados.

A pesquisa reivindica a produção de um trabalho pedagógico na escola que considere a formação da cultura corporal da juventude não subordinada às necessidades do processo produtivo do capital ou com a finalidade última de adequação à dinâmica do mundo do trabalho. É reivindicada uma produção de conhecimento na educação física escolar crítica e superadora, que direcione outros modos de vida.

Referência
Scapin, G. J., & Ferreira, L. S. (2022). O abandono do trabalho pedagógico na educação física do Novo Ensino Médio. Cadernos de Pesquisa, 52, Artigo e09413. https://doi.org/10.1590/198053149413

Leia o artigo em
Cadernos de Pesquisa
https://publicacoes.fcc.org.br/cp/article/view/9413

Saiba mais
Educação Física e o Mundo do Trabalho: https://www.efdeportes.com/efdeportes/index.php/EFDeportes/article/download/3164/1564?inline=1

Qual o impacto da ausência da educação física aos alunos do ensino médio? https://cultura.uol.com.br/noticias/50898_a-importancia-da-educacao-fisica-para-alunos-do-ensino-medio.html

Vídeo – Canal Educação Física e Marxismo: Educação Física e o Mundo do Trabalho: https://www.youtube.com/watch?v=VJzKApXn0CI

Ferreira, L. S. (2017). Trabalho Pedagógico na escola: Sujeitos, tempo e conhecimentos. 2017.

Nozaki, H. T. (2015). Políticas Educacionais no movimento das mudanças no Mundo do Trabalho: O caso do trabalho do professor de educação física. In M. S. Souza, J. F. M. Ribas, & V. C. Calheiros (Orgs.), Conhecimento em educação física: No movimento das mudanças, no mundo do trabalho (pp. 59-80). Editora UFSM.

Scapin, G. J. (2021). Da crise de identidade à crise existencial? A prática pedagógica da educação física escolar analisada pelo prisma do mundo do trabalho informacional-digital. In Anais da 8. Semana Maranhense de Educação Física e 1. Encontro Estadual do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte, São Luís, MA, Brasil. https://even3.blob.core.windows.net/anais/390792.pdf

Os argumentos presentes neste post são de responsabilidade dos autores e não necessariamente expressam as opiniões da Fundação Carlos Chagas.

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