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No Brasil e na França, laços entre gênero, trabalho e ciência

O trabalho das mulheres, especialmente em áreas científicas e tecnológicas, está no centro das pesquisas coordenadas no Brasil e no exterior por Maria Rosa Lombardi, pesquisadora sênior da Fundação Carlos Chagas

21/06/22 | Por Luanne Caires

Fundação Carlos Chagas. Gênero, Raça/Etnia: Educação, Trabalho e Direitos Humanos. No Brasil e na França, laços entre gênero, trabalho e ciência. Maria Rosa Lombardi.. A imagem tem fundo cinza e o texto tem as cores cinza escuro e vermelho. No canto superior direito, há detalhes ondulados em vinho.

A Fundação Carlos Chagas é uma instituição pioneira no desenvolvimento dos estudos de gênero no Brasil e segue como referência na área com as produções de seu grupo Gênero, Raça/Etnia: Educação, Trabalho e Direitos Humanos. Hoje, o grupo é composto por cinco mulheres à frente de projetos de pesquisa, além de uma equipe de bolsistas e colaboradores. Para resgatar o caráter colaborativo, inspirador e histórico do processo de construção de conhecimento na área de gênero e equidade, a série Gênero, raça e etnia: uma história de pesquisa tecida a muitas mãos apresentará, ao longo dos meses de junho e julho, como mulheres e pesquisadoras desse campo de estudos influenciaram as trajetórias de cada uma das mulheres que integram esse grupo de pesquisa na Fundação Carlos Chagas.

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A coletividade e a cooperação nas pesquisas de gênero da Fundação Carlos Chagas ultrapassam os limites geográficos do Brasil e encontram um exemplo de destaque no trabalho de Maria Rosa Lombardi. Graduada em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Maria Rosa é pesquisadora sênior na área de Sociologia do Trabalho na Fundação e lidera o grupo Gênero, Raça/Etnia, do qual faz parte desde 1996 — quando o grupo ainda não tinha o nome atual. 

Entre as mulheres que a inspiraram a seguir o caminho da pesquisa sobre as realidades de trabalho das mulheres, Maria Rosa, assim como Sandra Unbehaum, cita a socióloga Cristina Bruschini, com quem publicou por vários anos o Banco de dados sobre o trabalho das mulheres no site da instituição. A publicação apresenta estatísticas sobre o mercado de trabalho das brasileiras desde a década de 1980 e é baseada em dados do Ministério do Trabalho e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

Fora da Fundação Carlos Chagas, a trajetória da pesquisadora se aproxima daquela de muitas outras mulheres, atuantes em múltiplas instituições de ensino e pesquisa no Brasil e na França, país onde Maria Rosa estudou relações de gênero e trabalho em 2003. No tema de divisão sexual do trabalho, a pesquisadora cita Liliana Segnini, professora que a orientou no mestrado e no doutorado realizados na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), assim como Bila Sorj, professora no Departamento de Sociologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Daniéle Kergoat, pesquisadora do Centro Nacional de Pesquisa Científica na França (CNRS, na sigla em francês) e Helena Hirata, também pesquisadora do CNRS e pesquisadora visitante no Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo (USP).

Com Hirata e Bruschini, Maria Rosa organizou dois seminários em parceria com a rede MAGE – Marché du travail et Genre (Mercado de Trabalho e Gênero, em português) e um dos resultados dos eventos foi o livro Gênero e trabalho no Brasil e na França. Perspectivas interseccionais (Boitempo, 2016), lançado em seminário que reuniu pesquisadoras brasileiras e francesas na Fundação Carlos Chagas. 

Mas os interesses de pesquisa de Maria Rosa incluem ainda questões de ciência e tecnologia. “Especificamente na França, onde fiz o doutorado sanduíche, pude ter contato com estudiosas dessa temática como Cathérine Marry, por exemplo. Ali também pude perceber a importância que assumia, dentro dos estudos ‘ciência, tecnologia e gênero’, as pesquisas recorrentes sobre as mulheres nas engenharias que as colegas francesas e européias vinham desenvolvendo há muitos anos”, conta a pesquisadora. 

No caminho da temática científica e tecnológica, as professoras pesquisadoras do Grupo de Estudos Gênero e Tecnologia – GeTec, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), estiveram presentes e marcaram o trabalho de Maria Rosa pelo acolhimento e pelos intercâmbios científicos ao longo dos anos. A rica trajetória no tema já rendeu uma série de estudos, como o atual Relações de gênero nas Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC): mercado de trabalho e protagonismo feminino.

Saiba mais
Gênero, Raça/Etnia: Educação, Trabalho e Direitos Humanos
As pesquisas do grupo privilegiam a análise das relações de gênero e étnico-raciais em diferentes espaços de interação social, visando a promover os direitos humanos de populações historicamente discriminadas.

 

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