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Jornal Extra: Educação 360 STEAM discute método de ensino focado em inovação e tecnologia

 

|04/12/18

Reflexão sobre novas metodologias de aprendizagem na formação de jovens para o mercado de trabalho futuro. Com este enfoque, foi promovida mais uma edição do Educação 360 — realização dos jornais O GLOBO e EXTRA —, no último dia 26 de novembro, no Museu do Amanhã, no Rio. Desta vez, para debater sobre o modelo STEAM (sigla em inglês para Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática). O encontro é uma realização dos jornais O GLOBO e Extra, com patrocínio de Sesi, Instituto Unibanco, Colégio pH e Fundação Telefônica Vivo, apoio de L’Oréal Brasil e apoio institucional de Revista Galileu, site TechTudo, TV Globo, Canal Futura, Unicef e Unesco.

A abertura contou com as apresentações de Paulo Mól, diretor de Operações e Desenvolvimento do SESI, e Gustavo Pugliese, pesquisador da USP especializado em educação STEAM.

Idealizado nos EUA na década de 1990, depois que o governo norte-americano percebeu que o mercado sofreria com falta de mão de obra especializada em Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática, o modelo foi concebido com a sigla STEM. A proposta visava inovar a forma de aprendizagem dando protagonismo aos alunos para que eles fossem os solucionadores de problemas e geradores de conhecimento, usando criatividade, lógica e senso crítico. Posteriormente, foi acrescida a letra ‘A’ de Artes para integrar disciplinas das áreas humanas.

Adotar o STEAM, segundo Mól, não é aumentar a carga horária, e sim proporcionar aprendizado que estimule o aluno a estudar as disciplinas exatas, promovendo desenvolvimento de habilidades.

– Com o STEAM, o aluno coloca a mão na massa, buscando soluções para os problemas. No SESI, onde aplicamos metodologias inovadoras, já vemos resultados. Em abril, uma turma venceu um concurso internacional de robótica — disse.

O executivo destacou, ainda, a participação dos docentes no processo:

— No Brasil, um dos gargalos está na formação dos professores. É preciso ressignificação dos modelos de ensino e, muitas vezes, os professores têm resistência.

G ustavo Pugliese destacou que o fato de o STEAM ter nascido no mercado já demonstra sua relevância e adequação para a formação do aluno. Afirmou que apesar da grande eficácia que o método demonstra na educação de jovens, no Brasil ele ainda está dando os primeiros passos.

— Aqui, o STEAM ainda é incipiente. No caso das escolas públicas, sabemos de algumas ONGs que aplicam o modelo entre os alunos. Porém ainda não contamos com uma política de Estado para criar uma sistematização. Por outro lado, temos visto casos de sucesso em escolas particulares. Mas temos que levar o modelo a todos.

“E” de empatia

O ser humano deve ser o centro do desenvolvimento tecnológico, e a empatia é o caminho para que a sociedade não fique isolada diante dos avanços da era digital. Esta é a convicção de Edson Prestes, professor do Instituto de Informática da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), apresentada durante a palestra “STEM, STEAM ou STEEAM – em defesa da empatia”.

— Sou fã do STEAM, e acredito ser consenso a necessidade de que os profissionais do futuro devam ter uma formação forte nas áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática. Mas acho que isso não é suf iciente. É necessário incorporar mais uma letrinha na sigla — disse, referindo-se ao ‘E’, de empatia (empathy, em inglês, sugerindo STEEAM).

Professor de matemática e coordenador de Aprendizagem Criativa (Maker) no Colégio PH, Sergio Ghiu falou sobre sua experiência pedagógica relacionada com o método STEAM. Durante a explanação, trouxe ao público experiências desenvolvidas pelos alunos, como o protótipo de uma mão projetada para fazer a linguagem em libra, através da robótica, e o projeto de boné com direção eletrônica, para que ciclistas possam guiar durante a noite. Ghiu ressaltou, no entanto, que o STEAM não deve ter foco somente no aspecto profissional:

– O importante é criar um sistema de aprendizado para o ser humano, porque quando ele é capaz de aprender por si só, ter esse autodesenvolvimento, não importa como estará o mercado de trabalho, ele vai se adaptar, estará estruturado – teoriza.

Mulheres em STEAM

Professora titular de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e diretora da Academia Brasileira de Ciências, Márcia Barbosa citou pesquisa da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, com 400 crianças de 5 a 7 anos. Elas ouviram a descrição de alguém com grande inteligência. Entre as crianças de 7 anos, a maioria identificou a pessoa descrita como do sexo masculino.

– Temos um problema muito grande com essa identificação. Pesquisas indicam que corporações com mais diversidade ganham mais dinheiro. As empresas começaram a acordar para essa realidade – afirmou Márcia, uma das vencedoras do prêmio “Para Mulheres na Ciência”, da L’Oréal.

Doutora em Comunicação e Cultura e cofundadora do Centro de Estudos da Mulher na Universidade Nacional Autônoma do México, Amalia Fischer, coordenadora geral do Fundo ELAS, mostrou alguns números: apenas 20% das bolsas de pesquisa científica no Brasil vão para mulheres e 60% das profissionais em tecnologia já sofreram algum tipo de assédio. Amalia citou a iniciativa conjunta do Instituto Unibanco, Fundo ELAS, ONU Mulheres e Fundação Carlos Chagas, voltada para redução da desigualdade de gênero e raça nas escolas.

– A equidade de gênero não é “mimimi”. É assunto muito sério e vai da questão financeira à violência – alertou Amalia.

Fonte: Jornal Extra