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Convivência escolar e neofascismo: estudo debate a relação entre o fenômeno e os ataques violentos nas escolas

Pesquisa publicada no periódico Cadernos de Pesquisa aborda a criação de ações de prevenção em diálogo com a diversidade de saberes e a emancipação social

Autor- Jade Castilho,Fluxo Educação -07/08/2025 13:31:47

Nos últimos dez anos, a violência escolar aumentou no Brasil. Relatórios sobre o tema apontam 36 ataques em aproximadamente duas décadas –  sendo 7 somente em 2022 e 16 em 2023. Um estudo publicado na revistaCadernos de Pesquisaaborda a ocorrência de ataques como esse, que vitimaram, sobretudo, mulheres e pessoas negras e foram cometidos, em sua maioria, por alunos ou ex-alunos que relataram ressentimentos vinculados ao convívio escolar. De acordo com a pesquisa, muitos deles, ainda, foram cooptados por grupos extremistas no meio on-line. 

O artigo busca sustentar a vinculação entre o fenômeno e as violências estruturantes do país, a partir do feminismo decolonial, com objetivo de formular ações de prevenção. 

Os fatos analisados por esses relatórios de casos de violência escolar demonstram que os ataques são cometidos majoritariamente por adolescentes ou jovens adultos, sem deficiência e com características preponderantes de identidade de gênero e raça. Trinta e nove pessoas efetivaram os 36 atentados ocorridos no Brasil até 2023; dessas, todas são homens, com idades de 10 a 25 anos, sendo 37 homens brancos.

Para os autores do estudo, compreende-se, também, como fator fundamental, a presença da maioria desses jovens em grupos de ideologias de extrema direita em fóruns on-line e redes sociais, que propagam ódio a determinados grupos e às escolas.

Tipos de violência 

O Ministério da Educação (MEC) reconhece quatro tipos de violência que afetam a comunidade escolar: 

  • agressões extremas, como ataques premeditados e letais; 
  • situações de violência interpessoal, envolvendo hostilidades e discriminação entre alunos e professores e o bullying, quando ocorrem intimidações físicas, verbais ou psicológicas repetitivas;
  • violência institucional, que engloba práticas excludentes por parte da escola, como por exemplo quando o material didático utilizado em sala de aula desconsidera questões de diversidade racial e de gênero;
  • problemas abrangendo o entorno da instituição, como tráfico de drogas, tiroteios e assaltos.
  • A escola no centro da disputa política


Por meio de um estudo analítico e teórico, a pesquisa utilizou a interseccionalidade como metodologia, ao considerar como os diversos marcadores sociais da diferença incidem na vida dos sujeitos e sujeitas. 

Dividido em três seções, o artigo aborda a perspectiva do racismo e do machismo como estruturas sociais, o neoliberalismo, neofascismo e sua aproximação com os ataques às escolas, e estratégias e ações possíveis para combater o ódio às comunidades escolares.

Ao longo do levantamento e da articulação de conceitos, os ataques às escolas convergem com as raízes das violências que fundam as relações socioculturais brasileiras – como o racismo, o machismo, a corponormatividade e o autoritarismo, especificamente com a ascensão do movimento neofascista.

A pesquisa possibilitou retratar que os ataques às escolas são alavancados por disputas de poder, alicerçadas nas hierarquizações entre grupos sociais e na inferiorização que a própria instituição escolar produz na relação com os estudantes. "A hierarquização e a inferiorização levam ao silenciamento e à naturalização das violências", destacam os autores. 

Nesse sentido, decolonizar a educação não seria somente descolonizar as relações sociais nas escolas, mas sim resistir à hierarquização e se contrapor aos ataques que buscam normatizar a comunidade escolar.

Como Citar

Martins, M. E. R., & Gesser, M. (2025). Convivência escolar e neofascismo: Apontamentos para prevenir os ataques às escolas. Cadernos De Pesquisa, 55, e11359.https://doi.org/10.1590/1980531411359

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