Quando a arte entra em cena: por uma nova forma de pensar a formação de professores
Ensaio propõe repensar o papel da arte na educação e destaca como ela pode ajudar a enfrentar os desafios atuais na formação docente
E se o modo como falamos da arte na educação estiver nos limitando, em vez de abrir possibilidades?
Ensaio recente publicado em Cadernos de Pesquisa defende uma virada de pensamento no modo como lidamos com a problematização da arte no campo da educação e da formação de professores, em uma reflexão que não se limita aos docentes da área de arte. A ideia central é simples: precisamos repensar como a arte pode contribuir com a educação, especialmente a educação básica, não como algo extra ou superficial, mas como uma força transformadora.
O texto parte de uma pergunta provocadora: será que o debate sobre arte e educação no Brasil não anda preso a velhas fórmulas, repetições e visões muito fechadas? Para superar esse cenário, é preciso que, em vez de discutir a arte apenas como disciplina escolar ou conteúdo curricular, ela seja vista como ferramenta para questionar, criar e imaginar novos caminhos para ensinar e aprender.
Essa proposta se inspira na virada educacional das artes, movimento da arte contemporânea que se relaciona a eventos como a6ª Bienal do Mercosul, realizada em Porto Alegre, e aDocumenta de Kassel 12, realizada na Alemanha, duas grandes exposições que, em 2007, colocaram a educação como centro das atenções.
Para mostrar como isso pode funcionar na prática, o texto apresenta obras de artistas como Alexandre Paes, Andrea Hygino, Graziela Kunsch e Juliana Veloso. Suas criações não são ilustrativas, não buscam soluções ou alternativas, mas encaram as problemáticas educacionais complexas a partir de outras vias de entendimento, abrindo espaço para distintos pontos de vista com vistas à análise, brechas para o estabelecimento de outras relações e aproximações para o que entendemos que seja educar e formar docentes.
A provocação final é clara: será que estamos prontos para essa virada? Uma mudança de rota que valorize novos modos de pensarmos a docência e seus desafios tão complexos, muito além de fórmulas mágicas e engessadas que determinados padrões de produtividade e eficiência ambicionam.
Referências
Mörsch, C. (2015). Contradecirse una misma: la educación en museus y mediación educativa como práctica crítica. In A. Cevallos, & A. Macaroff (Eds.), Contradecirse una misma: Museos y mediación educativa crítica. Experiencias y reflexiones desde educadoras de la documenta 12 (pp.10-21). Fundación Museos de la Ciudad.
Paes, A. A. S. (2024). Didática bruta: Por uma arte socialmente implicada [Dissertação de mestrado, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Programa de Pós-Graduação em Artes]. Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UERJ.https://www.bdtd.uerj.br:8443/handle/1/22650
Rogoff, I. (2023). Virando. In L. G. Loponte, & C. P. Mossi (Eds.), Arteversa: Arte, docência e outras invenções (pp. 43-63). Pimenta Cultural. Sant’Ana, T., & Hygino, A. (2023). Cadeiraço. In Texto de apresentação. Galeria Superfície.
Soria Ibarra, F. (2016). Tensiones, paradojas, debates terminológicos y algunas posibilidades transformadoras en el marco del giro educativo en los proyectos artísticos y el comisariado. Artnodes: Revista de Arte, Ciencia y Tecnología, (17), 24-33.
Leia o artigo em:
https://publicacoes.fcc.org.br/cp/article/view/11345
Saiba mais
ARTEVERSA – Grupo de estudo e pesquisa em arte e docência -https://www.ufrgs.br/arteversa
Bienal do Mercosul -https://www.bienalmercosul.art.br/
Documenta de Kassel -https://documenta.de/en