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Cite Black Women: iniciativa estimula citações de mulheres negras em pesquisas acadêmicas

Projeto foi criado pela antropóloga e docente da Universidade de Yale, Christen Smith, que esteve em visita na Fundação Carlos Chagas

Jade Castilho

Publicado em:

19/11/2025 14:11:53

“Cite. Mulheres. Negras”. É assim que o coletivoCite Black Womendefine sua atuação no incentivo às citações de mulheres cientistas negras em pesquisas acadêmicas. A iniciativa criada em 2017 reforça a importância do reconhecimento, do engajamento e da valorização de ideias de pesquisas desenvolvidas por mulheres negras ao longo da história. 

Uma das responsáveis pela campanha é a antropóloga e docente da Universidade de Yale, Christen Smith, pesquisadora de temas como violência de Estado, racismo e seus efeitos sobre comunidades e mulheres negras, assim como formas culturais,movimentos sociais e a contribuição intelectual de mulheres negras nas Américas. 

Em outubro de 2025, a Fundação Carlos Chagas recebeu Christen em uma agenda de atividades acadêmicas e reuniões técnicaspara debate de seus temas de pesquisa e estabelecimentos de parcerias institucionais.

A campanha Cite Black Women utiliza as mídias sociais e a representação estética com camisetas e pretende incentivar as pessoas a repensarem criticamente as políticas de produção de conhecimento, a partir de uma prática que reconhece e honra a produção intelectual transnacional de mulheres negras.

De acordo com a organização, a campanha começou com a venda de camisetas com a frase Cite Black Women, na reunião da National Women's Studies Association (NWSA), em Baltimore, Estados Unidos. Os valores arrecadados foram direcionados para fundos da Escola Winnie Mandela em Salvador, Bahia, cidade na qual Christen desenvolveu parte de suas pesquisas. 

Além da arrecadação de fundos, segundo o site da campanha, as camisetas estampadas com a frase simples tinham como objetivo provocar o debate público e levar as pessoas a refletirem e dialogarem sobre suas práticas de citação. 

Ao longo dos anos, a campanha ganhou as redes sociais e lançou um blog, um site e um podcast quinzenal, em que convidadas discutem ideias e contribuições de cientistas negras, dentro e fora da academia. A proposta, segundo Christen em seu relato no site oficial da campanha, é que outros pesquisadores conheçam seus trabalhos e passem a lê-los com mais frequência, citando-os em suas produções e os incluindo em seus programas de estudo.

O movimento se relaciona com o conceito, ainda em construção, dajustiça epistêmica, ao debater o processo de apagamento sistêmico e histórico das diversas contribuições de mulheres negras na construção do conhecimento científico. O sistema de exclusão reflete as estruturas de desigualdades de poder sustentadas pelo racismo, machismo e sexismo. 

Entre as recomendações abordadas pela campanha estão: 

1) Leia obras de mulheres negras; 

2) Integre mulheres negras ao núcleo de seu programa de estudos; 

3) Reconheça a produção intelectual de mulheres negras; 

4) Dê espaço para que mulheres negras falem; 

5) Dê às mulheres negras espaço e tempo para respirar. 

No Brasil

Em julho de 2024, a revista Cult promoveu olançamento do livro Abjeção - a construção histórica do racismo, de Berenice Bento, pesquisadora e professora na Universidade de Brasília (UnB), e inaugurou a iniciativaCite Mulheres Negras no Brasil

A campanha brasileira é uma parceria com o coletivo estadunidense Cite Black Women. Na ocasião do lançamento,Adriana Tolentino Sousa, doDepartamento de Pesquisas Educacionais da Fundação Carlos Chagas (DPE/FCC), integrou mesa redonda sobre a temática da construção do racismo, presente no livro.

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