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Pensar e interagir criativamente: a importância da leitura na educação infantil

Pesquisadora da Fundação Carlos Chagas comenta a importância da oferta de recursos pedagógicos para o desenvolvimento da imaginação de bebês e crianças

Jade Castilho

Publicado em:

03/04/2025 18:35:07

Em 2025, o Ministério da Educação (MEC) instituiu oPrograma Leitura e Escrita na Educação Infantil, o Pro-LEEI. A ação integra o conjunto de iniciativas de formação continuada do Compromisso Nacional Criança Alfabetizada. 


Estruturado em três eixos, o programa se volta para gestão e governança, formação de profissionais de educação e reconhecimento e disseminação de práticas educativas significativas com crianças na pré-escola. Com o Pro-LEEI, serão planejadas e implementadas estratégias didático-pedagógicas para o desenvolvimento das crianças no campo da linguagem oral, da leitura e da escrita. 

Mas qual a importância da leitura de literatura no desenvolvimento das crianças, desde os bebês?

Marisa Vasconcelos Ferreira, pesquisadora doDepartamento de Pesquisas Educacionaisda Fundação Carlos Chagas, aponta que osestudos de avaliação de contexto na educação infantilsão extremamente importantes para avaliar aspectos diversos nas condições de atendimento das escolas e como elas estão atendendo as crianças, desde os bebês. 

“O atendimento da educação infantil no território brasileiro ainda é marcado pela desigualdade. Se já podemos observar boas experiências no trabalho desenvolvido em algumas instituições e redes, não é verdade que todas as crianças se beneficiem dessa qualidade. Ainda tem sido muito frequente observar rotinas com poucas oportunidades de ampliação das aprendizagens, em ambientes com poucos ou, em situações mais críticas, quase nada de recursos pedagógicos nas salas de educação infantil”, afirma. 

Em observações de campo, Marisa relata as condições dos livros de literatura para os bebês e as crianças nos espaços escolares, muitas vezes precários, com rasgos e histórias incompletas ou inadequadas para a faixa etária das crianças. 

“É necessário termos uma boa curadoria de livros, com diferentes gêneros textuais (contos de fada, histórias de tradição oral, narrativas de aventura, fábulas etc.), edições de boa qualidade, cuidado estético, com diversidade de referências socioculturais e étnico-raciais, além da garantia de acessibilidade para as crianças com deficiência. Além de estabelecer critérios que garantam essa diversidade e qualidade, os Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil ainda definem a necessidade de que as salas de referência planejadas para as crianças, desde os bebês, contem com ‘cantos de leitura’, além, é claro, da presença de bibliotecas e outros espaços de leitura nos espaços das instituições”, destaca. 

Além de aspectos relativos aos espaços e materiais, outro fator relevante segundo a pesquisadora é a leitura frequente, regular e bem desenvolvida de histórias para bebês e crianças, tendo a presença significativa do recurso “livro” nessa interação. Esses momentos, além de configurarem tempos prazerosos de fruição da turma, favorecem o desenvolvimento da linguagem, do pensamento, da atenção, do conhecimento das relações humanas, das emoções, de si mesmo e do mundo, além de alimentar a criação e a imaginação. 

“A leitura de histórias diária é de extrema importância para que, desde bebês, as crianças possam construir autonomia na sua relação com os livros e, especificamente, com a literatura. Nas nossas observações, quando os livros estão acessíveis, são interessantes e de boa qualidade e a organização do grupo permite e favorece as interações das crianças, desde os bebês, com seus pares, é muito comum vermos os pequenos pegarem os livros para ler autonomamente (mesmo quando ainda não leem convencionalmente) - em uma leitura individual - ou ainda para ‘ler’ para um colega”, reflete Marisa. 

Para a pesquisadora, são essas situações que podem ser amplificadas na educação infantil, pois mobilizam importantes processos de aprendizagem e desenvolvimento infantil, além de criarem um clima de bem-estar e riqueza de repertório artístico-cultural e imaginativo.

Em 2024, Marisa foi uma das colaboradoras no processo de atualização dosParâmetros de Qualidade e Equidade para a Educação Infantilno Brasil. Por fim, a pesquisadora reforça a urgência em se pensar nos aprimoramentos para a formação de crianças e bebês nesta etapa da educação. 

"A brincadeira e as interações de boa qualidade são fundamentais para que as crianças e os bebês possam se desenvolver, e isso precisa ser intencionalmente criado e planejado pelos adultos. Assim, a gente aprende a pensar criativamente e desenvolver linguagem, pensamento e  imaginação, dentre outros aspectos”, completa.

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