Raça e gênero na educação: somente 50% das pessoas pretas concluíram o ensino básico no Brasil, segundo IBGE
Dados da PNAD Contínua revelam a manutenção das desigualdades sociais e educacionais no Brasil em 2024
Jade Castilho
10/07/2025 15:09:17
APesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada em junho de 2025, revelou que 56% das pessoas de 25 anos ou mais de idade terminaram a Educação Básica, ou seja, concluíram o Ensino Médio em 2024.
Esse é o maior percentual da série histórica, iniciada em 2016. Os dados mostram que o percentual de mulheres que concluiu essa etapa (57,8%) é superior ao de homens (54,0%) da mesma faixa etária. No entanto, a diferença do percentual de escolaridade entre brancos e negros se manteve, resultado que reflete a permanência das desigualdades sociais no acesso à educação.
Entre as pessoas brancas, 63,4% tinham completado a educação básica em 2024; já entre as pessoas pretas e pardas esse percentual foi de somente 50% pontos percentuais.
O recorte por mulheres brancas e negras mostra que a formação na educação básica não se distribui igualmente. Mulheres brancas alcançaram média de 11 anos de estudo, enquanto mulheres pretas ou pardas registraram 9,4 anos — uma diferença de 1,6 ano.
Os homens negros brasileiros também têm menos anos de estudo, maiores taxas de analfabetismo e menor acesso ao ensino superior. Segundo os dados da PNAD, enquanto os homens brancos tinham, em média, 10,8 anos em 2024, os negros tinham 9,2 anos, uma diferença de 1,6 ano a menos. O percentual revela uma equiparação com o tempo de formação das mulheres negras.
Diante do avanço geral, as desigualdades sociais, especialmente relacionadas aos marcadores sociais da diferença de raça e gênero, ainda provocam a exclusão de pessoas pretas, principalmente das mulheres negras, no espaço educacional. Esse contexto de invisibilidade se reflete também na chegada de mulheres pretas no mercado de trabalho.
Uma pesquisa realizada pelo MUDE com Elas, a partir dos dados da PNAD Contínua dos anos de 2016 e 2021, apontou que a taxa de desemprego da população brasileira era de 12,6%. Ao se esmiuçar os dados em termos de gênero, raça e idade,jovens e mulheres negras são as mais afetadas pelo desemprego.
Umaaudiência públicaorganizada pela Câmara dos Deputados contou com a participação da pesquisadora da Fundação Carlos Chagas,Adriana Tolentino Sousa, para o debate sobre a atuação de mulheres negras em profissões consideradas áreas de grande prestígio, como Medicina, Direito e Engenharias.
Encontros como esse para o diálogo sobre políticas públicas, incluindo as educacionais, podem promover o aprofundamento sobre a compreensão da operação das opressões interligadas e os processos que mantêm a estrutura de desigualdade racial no Brasil.
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