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O POVO: 20 anos: trajetória e rumos do maior vestibular do Brasil

 

|05/11/18

| ENEM 2018 | Implementado como uma avaliação de desempenho ao fim da educação básica, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) se consolidou como a principal porta de entrada para o ensino superior no Brasil

Por ANA RUTE RAMIRES

Apresentado em 1998 como principal modelo de avaliação educacional no Brasil, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) se tornou, ao longo dos últimos 20 anos, a principal porta de entrada para a graduação. Ao ser vinculado a programas como o Universidade para Todos (Prouni) e o Financiamento Estudantil (Fies), passou a contribuir para a democratização do acesso ao ensino superior público e privado. Especialistas destacam que nem todos os objetivos associados ao exame à época de criação se mantiveram.

Contudo, é certo que o exame, ao longo das duas décadas de aplicação, deixou de ser uma política de governo e se consolidou como uma política de Estado.

Este ano, 5,5 milhões de brasileiros estão inscritos para a prova, considerada o maior vestibular do Brasil e o segundo do mundo, atrás apenas do Gaokao, prova chinesa com o dobro de participantes. O exame seleciona os candidatos de 60% das instituições de ensino superior do Brasil. Das 2.488 entidades públicas e privadas, 1.481 utilizam o exame para preencher vagas em cursos de graduação, segundo dados do Ministério da Educação de 2017.

A intenção do Ministério da Educação (MEC) ao lançar o Enem seria ter um método para avaliar a educação no País e, assim, aprimorar as políticas educacionais, especialmente da rede pública, recupera Maria Helena de Aguiar Bravo, doutoranda da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FE-USP) e assistente de pesquisa da Fundação Carlos Chagas (FCC). “Alguns objetivos iniciais vão sendo fortalecidos outros modificados, de acordo com a política e a intenção do governo”, diz.

“O Enem não é inovador exatamente na sua forma de avaliar. O movimento das avaliações externas em larga escala realizadas por órgãos centrais já tem um caminho histórico. Começa pelos anos 90, o principal exame é o Saebe (Sistema de Avaliação da Educação Básica), o Exame Nacional de Cursos (Provão), que foi substituído pelo Enade, e o Enem, que entra como uma avaliação do ensino médio”, recupera.

De acordo com Maria Helena, que analisou o percurso histórico do Enem em sua dissertação de mestrado, a importância política e social atrelada ao teste começou com a associação a outras políticas. A primeira delas foi o Prouni, em 2004. “Dado esses 20 anos de mudanças que a gente teve tanto no cenário político quanto educacional, o Enem se manteve e está consolidado. O principal fator é o acesso ao ensino superior e a maior democratização.

Associado a outras políticas, ele tem um papel muito importante no acesso ao ensino superior e na própria expansão da rede, como reflexo social. Não é o exame que democratiza, é a abertura de vagas”, relaciona.

Na perspectiva da especialista, a prova não necessariamente cumpre a proposta que carrega no nome. “Ele não gera consequências de forma direta à qualidade do ensino, não é utilizado para refletir um ensino médio”, pontua.

Para Adriana Eufrásio Braga, professora do Núcleo de Avaliação Educacional do Programa de Pós-graduação em Educação Brasileira da Universidade Federal do Ceará (UFC), uma das contribuições da prova foi possibilitar a mobilidade dos estudantes. “Facilita que o aluno tenha oportunidades de alçar voos maiores. Pode fazer a prova na sua cidade e concorrer com alunos de outras regiões. Por outro lado, além disso, abre possibilidade de ter mais de uma opção de curso. Isso aproveita o próprio desempenho dele no certame”amplia.

Conforme Maria Inês Fini, Idealizadora do Enem e atual presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o exame deve seguir as orientações da Reforma do Ensino Médio e da Base Nacional Comum Curricular, ainda em discussão, que só devem ser implementadas em 2021. “Agora estamos na iminência de termos uma mudança profunda, por causa da mudança na base. Uma mudança naquilo que a escola passará a ensinar. A reforma do ensino médio vai começar a ser discutida em audiências nacionais. No fundamental já foi homologada, já é lei”, explica.

A história do exame também é marcada por fraudes e tentativas. Em 2009, houve o vazamento da prova dois dias antes da aplicação, o que acarretou em seu cancelamento. Uma nova edição precisou ser aplicada mais de dois meses depois, prejudicando 4,1 milhões de candidatos em todo o País.

“Gradativamente se aumenta os mecanismos de segurança e aumenta o atrevimento dos fraudadores. Mas estamos saindo na frente”, considera Maria Inês.

Fonte: O Povo |  03/11/18

Crédito/Imagem: Inep