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Pesquisa da FCC reúne principais mudanças nos empregos e vivências de professores da educação básica em tempos de pandemia

 

Composição com fundo verde escuro, com a imagem em desfoque de um globo. Sobre a imagem, há o logo do Textos FCC e o texto: “Relatório. Mudanças nos empregos de professores da educação básica na pandemia”. O logo da Fundação Carlos Chagas aparece em uma barra branca na parte inferior.

|08/03/24

Mulheres correspondem a cerca de 80% dos professores do ensino fundamental e foram as mais afetadas com a implementação de medidas emergenciais em escolas  

Por Jade Castilho

O fechamento das escolas e a adoção do Ensino Remoto Emergencial (ERE) levou à reconfiguração do trabalho de professores e professoras durante a pandemia. Mas como essa reconfiguração ocorreu? Quais mudanças foram desencadeadas no mercado de trabalho formal? Para responder esses questionamentos, a Fundação Carlos Chagas realizou o estudo Os empregos e o trabalho dos professores e das professoras da educação básica em tempos de pandemia, coordenado por Maria Rosa Lombardi, pesquisadora do grupo Gênero, Raça/Etnia: Educação, Trabalho e Direitos Humanos.  

Tema do volume 64 da série Textos FCC, a pesquisa teve como objetivo identificar e analisar o trabalho dos professores e professoras do Ensino Fundamental I durante os anos de 2020 e 2021, período de agravamento da pandemia de covid-19, e o primeiro semestre de 2022, com a retomada do ensino presencial. 

Os empregos dos educadores foram analisados em duas partes. A primeira se direcionou à análise de resultados de pesquisas empíricas sobre as vivências dos professores, realizadas por diferentes instituições no primeiro ano da pandemia. Já a segunda parte promoveu a análise da estrutura do mercado de trabalho de professores e professoras do Ensino Fundamental, considerando seus vínculos formais pelos dados de admissões e desligamentos do Novo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), base de dados do Ministério do Trabalho. 

Além da obrigatoriedade do uso de tecnologias de informação e comunicação (TIC), as atividades docentes remuneradas migraram para o espaço doméstico, historicamente constituído pela responsabilidade feminina, com efeitos sobretudo sobre as educadoras, que vivenciaram a mistura das esferas privada e profissional em uma única jornada de trabalho longa e contínua. Os instrumentos de trabalho remoto — celulares, tablets e computadores, quando existiam, eram comumente compartilhados com outros membros da família e o WhatsApp acessado por planos de internet próprios foi a principal ferramenta para dar aulas.

Os resultados da pesquisa também revelam que a perda de empregos de professores do ensino fundamental no regime de Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) em 2020 foi de 2.138 postos, número que aumentou ainda mais em 2021, com 3.715 empregos perdidos. A recuperação só ocorreu a partir do primeiro semestre de 2022, que se encerrou com a contratação de mais de 9.600 professores, associada à retomada das aulas presenciais de maneira estável. 

“Então, ainda que a crise sanitária tenha atingido todos os brasileiros, inclusas as professoras do Ensino Fundamental, ela não teve o mesmo efeito para todas elas. As professoras brancas que lecionavam no ciclo básico, as professoras mais maduras, as que trabalhavam em escolas de pequeno e médio portes no Sudeste e no Nordeste do Brasil foram as mais vulneráveis aos efeitos deletérios da crise sanitária de covid-19 sobre os empregos, particularmente no segundo ano da pandemia”, comenta Maria Rosa.

Durante os dois anos e meio analisados na pesquisa, a única faixa etária que manteve saldos positivos ao longo de todo o período foi a de até 25 anos, um padrão provavelmente favorecido pela adoção maciça de tecnologias de informação, comunicação e de recursos educacionais informatizados na prática docente. 

Mas não foi só em termos de postos de trabalho que a pandemia agravou o cenário de atuação de professores. A remuneração também caiu no período, especialmente na rede privada. No conjunto de escolas particulares, a concentração de profissionais ganhando até 3 salários-mínimos (R$ 3.906,00 em valores de janeiro de 2023) subiu de 71% em 2019 para 83% em 2021.

A pesquisa integrou o projeto temático Educação escolar em tempos de pandemia na visão de professores e estudantes da educação infantil e do ensino fundamental: o enfrentamento das desigualdades, realizado pela Fundação Carlos Chagas, com financiamento do Itaú Social e apoio da UNESCO

Confira o texto completo da pesquisa no site de Textos FCC