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Desigualdades de gênero no mercado de trabalho são tema de pesquisas de vencedora do Nobel de Economia 2023

 

Cartaz com os dizeres: Prêmio Nobel de Economia. Desigualdades de gênero no mercado de trabalho. A peça tem fundo dourado, com a silhueta de mulheres à direita. O logotipo da Fundação Carlos Chagas e os ícones de perfis das redes sociais aparecem em uma barra inferior branca.

|08/12/23

Cerimônia de premiação ocorre neste fim de semana e contribui para colocar em evidência a relevância de se analisar os efeitos de estruturas sociais e familiares sobre a organização econômica

Por Luanne Caires

No próximo domingo (10), acontecerá a 122ª cerimônia do Prêmio Nobel, que reconhece pessoas que desenvolvem ações, pesquisas e trabalhos em benefício da humanidade. Nesta edição, uma das premiadas é a economista estadunidense Claudia Goldin, da Universidade Harvard, por seus estudos sobre as desigualdades de gênero no mercado de trabalho dos Estados Unidos, com dados históricos referentes a mais de cem anos. 

As contribuições de Claudia para o entendimento das transformações da participação feminina no mercado de trabalho e do papel da educação na redução dessas desigualdades são extensas. Em seu livro publicado no início da década de 1990, Understanding the gender gap: An economic history of american women (Compreendendo a lacuna de gênero: Uma história econômica da mulher estadunidense, em tradução livre), a economista já destacava a década de 1970 como um importante período de avanços para as mulheres no mercado de trabalho, especialmente devido à tendência de se casarem mais tarde, terem acesso à pílula contraceptiva e progredirem no ensino superior — fatores que contribuem para reduzir a carga de trabalho doméstico e equiparar a formação entre homens e mulheres. 

Para Maria Rosa Lombardi, pesquisadora do grupo Gênero, Raça/Etnia: Educação, Trabalho e Direitos Humanos, da Fundação Carlos Chagas, “a questão da mão de obra feminina no mercado de trabalho sempre esbarrou na dita dupla jornada, ou seja, na responsabilização das mulheres pelo espaço doméstico e pelo cuidado com a família”.

Esforços de pesquisadoras feministas do trabalho para entender como o viés de gênero afeta os ganhos das mulheres são antigos também no Brasil. Maria Rosa ressalta o papel de pesquisadoras pioneiras, como Albertina Costa, Cristina Bruschini, Fúlvia Rosemberg, Carmen Barroso, Helena Hirata, Bila Sorj, entre outras. 

Com estudos clássicos e análises contemporâneas, as pesquisadoras abordaram políticas e práticas de conciliação entre família e trabalho, a bipolaridade do trabalho feminino no Brasil contemporâneo, as relações entre mulher e educação, e as relações de gênero nas tecnologias da informação e comunicação

A Fundação Carlos Chagas foi uma das instituições pioneiras nos estudos de gênero e trabalho no Brasil — área que, nos anos 1980, era conhecida por estudos sobre o trabalho das mulheres. “Eu tive a honra de participar desse grupo de pesquisadoras pioneiras, mulheres que eram (e ainda são)  reconhecidas nacional e internacionalmente pelo seu legado. Os estudos que elas realizavam já apontavam a influência do ‘gênero’ nas possibilidades de carreira e na remuneração das trabalhadoras, mesmo que um homem e uma mulher exercessem o mesmo trabalho. O diferencial de ser mulher foi comprovado mais tarde, nos anos 1990 e 2000, em pesquisas realizadas por colegas economistas feministas”, comenta Maria Rosa.  

Produções sobre a condição feminina, com temas ligados a trabalho, raça, violência doméstica, saúde, cultura e transformações políticas, foram reunidas também no jornal Mulherio, publicado entre 1981 e 1988, com passagem pela Fundação Carlos Chagas. 

Saiba mais

Dedecca, Cláudio Salvadori. Regimes de trabalho, uso do tempo e desigualdade entre homens e mulheres. In: Costa, Albertina de Oliveira; Sorj, Bila, Bruschini, Cristina, Hirata, Helena (org). Mercado de trabalho e gênero. Comparações internacionais.Rio de Janeiro, FGV Editora, 2008; pp. 279-298

Bruschini, Cristina, Lombardi, Maria Rosa, Mercado, Cristiano Miglioranza, Ricoldi, Arlene. Trabalho, renda e políticas sociais: avanços e desafios. O Progresso das mulheres no Brasil: 2002-2010.  Rio de Janeiro, ONU Mulheres/CEPIA, 2011; pp. 142-178

Fontoura, Natália; Araújo, Clara ( organizadoras). Uso do tempo e gênero. Rio de Janeiro, UERJ, 2016

Bruschini, Cristina; Lombardi, Maria Rosa. Mulheres e homens no mercado de trabalho brasileiro: um retrato dos anos 1990. In Maruani, Margaret; Hirata, Helena (org).  As novas fronteiras da desigualdade. Homens e Mulheres no mercado de trabalho; São Paulo, Senac Editora,, 2003; pp. 323- 356