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Educação e representações sociais: um olhar para o senso comum

Grupo de pesquisa da Fundação Carlos Chagas conta com parcerias internacionais e investiga conhecimentos do cotidiano para entender relações nas escolas e o trabalho de professores

05/12/22 | Por Luanne Caires

Cartaz com os dizeres: Representações Sociais, Subjetividade e Educação. Educação e Representações Sociais: um olhar para o senso comum. A imagem tem fundo cinza, com pequenos círculos conectados por linhas nas laterais. Na parte inferior, há a logomarca da Fundação Carlos Chagas.

Existem alguns conhecimentos que partilhamos enquanto grupos sociais, mas sobre os quais não costumamos pensar em profundidade. Eles fazem parte do senso comum, de concepções naturalizadas que guiam nossa tomada de decisão sem que seja necessário um longo processo reflexivo a cada ação cotidiana. Estudar o senso comum é um dos objetivos de pesquisadores que investigam as representações sociais, resultantes de ideias elaboradas e partilhadas socialmente e que orientam as práticas das pessoas que as compartilham. 

Compreender as representações sociais ajuda a entender, por exemplo, por que grupos diferentes atribuem significados distintos a um mesmo fenômeno ou conceito e como essas diferenças afetam nossa subjetividade e nossas interações. Não por acaso, a Teoria das Representações Sociais, originária da Psicologia, faz interface com a História, a Comunicação e a Educação. 

Pensando nos desafios do contexto educacional, especialmente na formação e na profissionalização docente, a Fundação Carlos Chagas dedica-se a investigar fenômenos psicossociais por meio de seu grupo de pesquisa Representações Sociais, Subjetividade e Educação, composto pelas pesquisadoras Lúcia Villas Bôas e Adelina Novaes. Entre os estudos desenvolvidos atualmente, estão as percepções de professores da educação básica sobre a (des)valorização docente durante a pandemia da covid-19, as representações sociais no cotidiano das escolas e as relações entre professores, escola e família

Para Lúcia, que começou a pesquisar representações sociais para entender a resistência de certos professores e equipes gestoras ao uso de jogos didáticos no Ensino Médio, quando ainda era professora de História da rede estadual de São Paulo, a Teoria das Representações Sociais (TRS), formalizada pelo psicólogo social Serge Moscovici na década de 1970, é uma maneira também de olhar para as permanências e mudanças do pensamento social, intrinsecamente associado a uma matriz cultural de interpretação. “A TRS foi desenvolvida em um contexto em que o mais frequente era estudar como o senso comum influenciava a produção da ciência. Neste cenário, a teoria trouxe uma perspectiva diferente. O que Moscovici começou a se questionar era o sentido inverso: o que ocorre quando a ciência alimenta o senso comum?  Que negociações os diferentes grupos adotam a partir de suas crenças, de suas práticas, para integrar esse conhecimento ao seu repertório? Como esse conhecimento é transformado ao mesmo tempo em que o grupo também se transforma? Eram essas as questões que intrigavam Moscovici”, destaca a pesquisadora.

No mês de dezembro, a Fundação Carlos Chagas lançará uma série de textos sobre os trabalhos desenvolvidos no grupo de pesquisa Representações Sociais, Subjetividade e Educação, como forma de ampliar o debate sobre as representações e as transformações ligadas a docentes, escolas e práticas educacionais. Ao longo dela, será discutida também a importância da colaboração em rede para o desenvolvimento das pesquisas na área, como ocorre no Centro Internacional de Estudos em Representações Sociais e Subjetividade – Educação (CIERS-ed), na Cátedra Franco-Brasileira Serge Moscovici e na Cátedra UNESCO Sobre Profissionalização Docente, todas iniciativas sediadas na Fundação Carlos Chagas e que reúnem olhares de diferentes partes do Brasil e do mundo sobre as relações entre representações sociais e educação. 

Saiba mais:
Representações Sociais, Subjetividade e Educação
Grupo de pesquisa que privilegia a realização de investigações científicas, nas quais assume particular relevo a perspectiva psicossocial das representações sociais e a promoção do debate interdisciplinar, tanto no plano teórico como no metodológico. Ênfase é dada às questões relacionadas ao campo educacional e aos fenômenos psicossociais a ele associados, com foco sobretudo na formação e profissionalização docentes.

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